O direito de copiar
domingo, novembro 21, 2004
Lute pelo seu direito de copiar!! Croco Press
A indústria do cinema sempre se valeu de personagens do domínio público para produzir filmes maravilhosos e, por tabela, encher os bolsos de caraminguás. Estão aí dráculas, lobisomens, heróis da antiguidade, reis e magos em profusão que não me deixam mentir. Com a música, a mesma coisa. Astros pops também são mestres em tomar canções e melodias antigas e atuais como inspiração para conseguirem um lugar ao sol nas paradas de sucesso. O domínio público é uma grande fonte alimentadora da cultura em geral. Mas esses dias podem estar acabando. Os tubarões das grandes corporações de entretenimento estão lutando com unhas e dentes para manter o controle sobre suas obras, impedindo que elas entrem para o domínio público, custe o que custar. Corremos o risco de termos boa parte da produção cultural do século 20 trancafiada nas mãos de meia dúzia de três ou quatro manda-chuvas, vide o caso Mickey Mouse (esse link traz uma falsa entrevista com o ratinho, muito engraçada!!) e de outros personagens da Disney.
Toco nesse assunto porque acabo de comprar a edição de novembro da revista Wired, pra mim a melhor publicação disponível nas bancas tupiniquins. A matéria de capa trata justamente dessa questão da propriedade intelectual, dos direitos autorais, do direito que todo cidadão tem copiar, emprestar ou mesmo revender toda e qualquer obra adquirida, dos riscos que os artistas correm caso aceitem as regras draconianas que a indústria vem empurrando goela abaixo do pessoal.
A revista traz ainda uma entrevista com Lawrence Lessig, guru da cultura livre, outra com os Beastie Boys, e uma excelente matéria sobre o país mais vanguarda nesse assunto. Advinhem qual? Sim, o Brasil!! Isso graças aos esforços do governo federal em peitar a Micro$oft (e demais sanguessugas da tecnologia da informação) incentivando o uso de softwares livres. Dá-lhe Sérgio Amadeu!! O ministro da Cultura Gilberto Gil dá uma bela entrevista e ainda cedeu uma de suas músicas, Oslodum, para o CD que a revista traz encartada para os leitores. São 16 faixas, com destaque para as do Chuck D (No Meaning No) e Thievery Corporation (DC 3000) - a do Gil é bem fraquinha...
As músicas do CD foram todas lançadas sob a licença Creative Commons, que permite que elas sejam copiadas, transformadas, sampleadas ou parodiadas ao belprazer de quem quer que seja. Só o CD já vale cada centavo dos mais de R$ 30 gastos com a revista. Boa leitura!
# Jorge Cordeiro @ 22:06
<< Home
|
|