O Escriba
v2.0
Uma minoria só é impotente quando se amolda à maioria (Henry D. Thoreau)

'Blog' do Jama
         segunda-feira, janeiro 30, 2006


         
Quem curte música e quer ler um texto descontraído feito por quem realmente entende do negócio - e não por figuras que estão mais interessadas no hype da parada - o blog de Jamari França, Jam Sessions, é a pedida.

Ok, ok, realmente não considero 'blogs' essas colunas eletrônicas de jornais e demais corporações de mídia na internet, afinal estão apenas aproveitando a onda blogueira e mudando o nome das seções e acrescentando áreas para comentários... Mas, pelo pouco que conheço da personalidade do velho e bom Jama, sei que ele vai tocar sua coluna eletrônica como se fosse um blog - e dos melhores.

Salve Jama!!

Um bom exemplo de blog é este aqui, do Chewbacca, companheiro inseparável de Han Solo em Guerra nas Estrelas. Blog comme il faut... (valeu pela dica, Rasta!!! :)


         # Jorge Cordeiro @ 21:47

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MMS é o bicho!
         domingo, janeiro 29, 2006


         

Domingo passado, depois de assistir ao show Palavra Cantada de Luiz Tatit e Sandra Peres no belíssimo Auditório do Ibirapuera, eu e Ana perdemos nossos celulares. Saco... Nem tanto pelos aparelhos, mas pela agenda que tínhamos neles. Bom, pelo menos não perdemos nossos números originais, foi só comprar um novo chip, em branco, e - claro - o novo aparelho, e pronto, estamos conectados novamente ao mundo. Eu consegui uma pechincha muito boa numa loja aqui perto e comprei baratinho um com câmera fotográfica, que grava som e baixa músicas da internet para usar como toque - graças a essa tal tecnologia MMS. Uma beleza. Com ele, O Escriba vai ganhar muita agilidade. Vou poder registrar cenas na rua e mandar na hora pro meu email e, daí, pro blog. Um incremento e tanto.


Já pus o bichinho pra trabalhar. Essas fotos aí são dele. A primeira, da Ana com o Martim e a Sofia, coloquei como papel de parede do aparelho e o da Sofia está associada ao número de casa - sempre que me ligam de lá, aparece a fotinho da minha princesa... Mas o mais maneiro é que, por ter o recurso de gravação, coloquei o Martim dizendo "atende o telefone, papai, atende o telefone" como toque do telefone. Coruja, eu?!?


Ah, esse crânio aí é do Purussaurus, o maior crocodilo que já habitou a face da terra (leia mais sobre o bicho aqui). Está na exposição Dinos na Oca, lá no Parque do Ibirapuera, onde fomos neste domingo. Muito legal. As peças expostas são incríveis mesmo, tem até fósseis de chuva!! Só senti falta de mais representações dos animais, de como eles deveriam ser na época em que viveram, com toda carne e gordura, para dar bem a idéia de peso, tamanho e, em alguns casos, ferocidade das espécies expostas. Alguns, como o Jobaria (de 22 metros de altura!), estão bem representados, com desenhos e réplicas, mas a maioria é só osso mesmo. O tigre dente-de-sabre, o tiranossauro rex (Esquece Jurassic Park. De mal, ele só tem o nome. Era preguiçoso, lento e comedor de carniça! Mas como foi descoberto na Califórnia, ganhou esse nome pomposo. Marketing puro...) e o próprio purussauro, por exemplo, perdem muito do impacto apresentados em apenas alguns fósseis... Fica a sugestão.


         # Jorge Cordeiro @ 20:36

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Imprensa gosta é de guerra
         sexta-feira, janeiro 27, 2006


         
Tempos atrás eu disse aqui (leia o tópico) que os EUA estão prontinhos para atacar o Irã alegando que o país muçulmano quer desenvolver armas nucleares - balela, os americanos estão de olho mesmo é nas imensas reservas de gás e petróleo da antiga Pérsia.

Quer apostar como, tempos depois desse novo conflito - que será infinitamente mais duro e sangrento do que os do Afeganistão e Iraque -, os jornais admitirão, sem qualquer sinal de arrependimento, que o Irã NÃO tinha qualquer projeto nuclear que não fosse o de gerar energia...?

E quem é o maior avalista dessa nova aventura bélica? A imprensa, claro!! Agindo como claque, estão novamente embutidos na missão. Com argumentos tão 'sólidos' quanto os da invasão do Iraque - que tinha poderosos arsenais de armas de destruição em massa, lembra?

Veja, por exemplo, o que escreveu Gerard Baker, editorialista do The Times inglês:

...a preparação para a guerra, uma disposição pessoal de todas as nossas partes para suportar o terrível fardo que ela certamente vai impor, pode ser a nossa última chance real de garantir que podemos evitar uma guerra.
(a matéria saiu na BBC Brasil e foi reproduzida na Agência Estado, ver aqui)

Não é brilhante?


         # Jorge Cordeiro @ 15:33

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Racional

         


Parece que enfim o melhor disco da carreira de Tim Maia será oficialmente lançado em CD. A gravadora Trama anunciou que vai colocar nas lojas o clássico Tim Maia Racional, gravado em 1975 na época em que o síndico estava absorto na piração da seita Universo em Desencanto. Será que virão os dois volumes ou só o primeiro, mais famoso?

Aliás, a seita continua ativíssima e tem até um bloco que desfila no carnaval de São Paulo, onde parece que tem hoje mais adeptos do que no Rio (mais precisamente a Baixada Fluminense), onde nasceu, se criou e ficou famosa.

Manoeeeel, o maior homem do mundo, homem sábio e profundo, semeou conhecimento, missionário da pureza, fez brilhar ó que beleza, essa nova geração... (canta Tim, na vinheta O Grão Mestre Varonil. Graças a ela é possível afirmar categoricamente: 90% dos cantores brasileiros de hoje não cantam porra nenhuma...)


Quando Tim desencanou da viagem racional, proibiu novas edições do disco, que passou a ser item valioso disputado a muitos cifrões nas feiras e lojinhas descoladas Brasil afora. Com a popularização dos gravadores de CD e redes P2P, o Tim Maia Racional ganhou uma puta notoriedade, as músicas eram tocadas nas festas (fiz o DJ do meu casamento tocar O Caminho do Bem, em 2000. Mais tarde esse som entrou para a trilha sonora de Cidade de Deus, do Fernando Meirelles) e as cópias dos discos passaram a circular freneticamente pelo eixo Rio-SP.

Eu cheguei a ver e escutar um LP original no final da década de 1980, era tratado como relíquia arqueológica, tínhamos um cuidado danado pra por no toca-discos... :) Na feira da Benedito Calixto, um desses custa fácil uns R$ 200 - se não for mais. Uma das primeiras coisas que fiz quando cheguei a São Paulo em 1999 foi ir à Galeria do Rock no centro e comprar o CDR que vinha com duas músicas bônus - Ela Partiu e Meus Inimigos.

O disco é precioso não só por causa do mito gerado em torno dele devido à proibição imposta pelo Tim, mas também porque traz o cara no auge da forma, sua voz límpida e cristalina. Ele tinha se afastado do álcool, das drogas (menos o cigarro, que obrigava o pessoal da seita comprar escondido pra ele) e das baladas. O que consegue fazer na canção Contato com o Mundo Racional, a minha preferida, é coisa de outro mundo...

Além de cantar maravilhosamente bem, toca bateria e baixo em algumas faixas. Reza a lenda que as músicas foram gravadas com outros nomes, arranjos e letras um tempo antes, num estúdio lá de Copacabana. Mas como ele logo depois entrou para a seita, as letras foram mudadas e transformadas em propaganda do livro Universo em Desencanto. Será que alguém ainda tem essas letras ou mesmo as gravações originais?

Bom, de qq maneira, a iniciativa da Trama é bem-vinda. Parece que envolveu anos de exaustivas negociações. O João Marcello gosta de música, é um cara do bem, está de parabéns. Só quero ver, no entanto, quanto vão cobrar pelo CD. Se enfiarem a faca, vão tomar um toco e tanto da dupla CDR/P2P...


         # Jorge Cordeiro @ 00:32

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Então tá então
         quarta-feira, janeiro 25, 2006


         
Já estamos no dia 25 de janeiro e nada, nem um questionamentozinho... Por que será, heim? Acompanhe comigo: a prefeitura de São Paulo, sob a nova administração de José Serra, anunciou recentemente ter conseguido um superávit de mais de R$ 400 milhões em 2005. Foi o primeiro ano de gestão dos tucanos na capital paulista. Ué, mas não havia um mega-rombo de mais de R$ 700 milhões nos cofres da prefeitura? A Marta não quebrou o caixa municipal? O que eram aquelas cenas pra imprensa ver de filas de credores na prefeitura? Bom, o desespero talvez tenha tido mais a ver com o fato do Serra ter dito que só pagaria quem fosse lá reclamar...

Mas enfim, o cara diz que conseguiu, assim, do nada, um lucro líquido de mais de R$ 1 bilhão em um ano e ninguém questiona os números?!?!? Nadica de nada?

Finge que funciona (q todo mundo acredita...)! Esse é o lema dessa tchurma - Serra, Gerardo Opus Dei Alckmin e afins...


         # Jorge Cordeiro @ 13:38

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Os 300 estão chegando...
         domingo, janeiro 22, 2006


         

Mais uma HQ do Frank Miller está na boca de virar filme. O último, se não me engano, foi o Sin City, que só vi outro dia no DVD. Bem legal, Mickey Rourke está sensacional no papel daquele matador deformado, o visual é de tirar o chapéu - bem fiel ao desenho de Miller -, mas acho que Os 300 de Esparta, que já começou a ser filmado, tem tudo para ser a melhor adaptação de uma história em quadrinhos para o cinema já feita na história. Também é de autoria de Frank Miller e conta o embate entre Leônidas e seu pequeno exército espartano contra os milhares de soldados do império de Xerxes - que, dizem, será encarnado por Rodrigo Santoro. Um blog sobre a produção foi iniciado mês passado na página oficial - ver aqui - mas o pessoal anda meio preguiçoso por lá. Quem quiser mais informações sobre a produção pode procurar aqui também. Ou usar o bom e velho Google, claro!


         # Jorge Cordeiro @ 20:19

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Pensamento do dia
         sábado, janeiro 21, 2006


         
Alckmin já era o candidato da Febraban, Fiesp, TFP. Agora, "Opus Dei". Só faltam os Templários. Vota nele quem quer. Mas sabendo que já tem dono.
(clique aqui para ler na íntegra o artigo Os Cilícios de Alckmin, de Sebastião Nery)


         # Jorge Cordeiro @ 15:09

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Wilson "The Wicked" Pickett

         


Quando botei os olhos na coleção de soul de um primo meu, lá em Copa, fiquei de cara. Entre centenas de discos, maioria esmagadora de MPB, lá estava cerca de uma dúzia de LPs originais de uma galera incrível. Otis Redding, Carla Thomas, Solomon Burke, Isaac Hayes e, claro, Wilson Pickett. A capa do disco dele era a mais colorida, In The Midnight Hour, álbum de estréia. Como tinha a tarde inteira livre, acabara de voltar da praia e não havia ninguém em casa pra perturbar ou pedir pra baixar o som, coloquei a bolachona preta no toca-discos. Com o volume quase no máximo - como manda o figurino -, entre chiados e estalos, começa o som. Um bateria seca, um naipe de metais, baixão, guitarrinha marcando o compasso e vem ele:

I'm gonna wait to the midnight hour, that's when my love comes tumblin' down, I'm gonna wait till the midnight hour, when there's no one else around...


Voz d'alma, não da garganta, ensinou Pickett certa vez. Fiquei vidrado no disco, principalmente na segunda faixa, Teardrops Will Fall, na qual ele divide os vocais com Cissy Houston (uma bela cantora, nos dois sentidos), e na quinta, I Found a Love (com direito àquele corinho de negão de fundo e tudo), em que revela toda força de sua voz. Estou escutando ela enquanto escrevo agora.

Lendo sobre o disco na internet, fico sabendo que trata-se na verdade de uma coletânea de sons gravados desde 1961 (o LP foi lançado em 1965), a maioria com o grupo The Falcons, do qual Pickett era líder. Fundamental em qualquer discoteca.

Foi uma tarde incrível aquela. E como bom expedicionário musical que era - essa eu roubei do Bob Dylan -, pedi pra levar os discos pra casa, pra curti-los um pouco mais. Tinha acabado de entrar na faculdade, onde iniciamos uma rádio pirata - a Rádio Livre 91.50 - e nela eu tinha um programa chamado A Hora do Dinossauro. Fiz um programa especial só com os tesouros que descobri.

Mais tarde consegui uma coletânea dele, um LP duplo de 1985, importado, minha mãe estava na Europa e teve que gastar sola de sapato pra trazer uma lista de LPs escolhidos por mim, de Van der Graaf Generator a Led Zeppelin, passando pelo All Things Must Past do George Harrison.


É esse disco aí. Nele, praticamente tudo do bom e de melhor de Pickett. Mustang Sally, Engine Number 9, Don't Let The Green Grass Fool You, Mamma Told Me Not To Come, Hey Jude (considerada a melhor versão da música dos Beatles), Sugar Sugar (outra versão, mais uma vez imbatível) e por aí vai.

No Brasil, só encontrei coletâneas mequetrefes. Parece que nenhum disco de Wilson Pìckett está em catálogo por aqui. E o cenário não deve mudar agora que o cara morreu. Eu mesmo fiquei afim de curtir o som de novo, só pra homenagear, e descobri que não podia porque não tenho mais vitrola e nem CDs ou MP3s dele. Mas tenho internet, conexão banda larga e soulseek. Já corrigi o erro... :)


         # Jorge Cordeiro @ 13:26

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Manipulação pouca é bobagem
         sexta-feira, janeiro 20, 2006


         
Já que estamos falando de manipulação, que tal essa? A primeira pesquisa do Ibope deste ano, divulgada ontem pela revista IstoÉ, mostra que as intenções de voto em Lula aumentaram em todos os cenários. Na última pesquisa, ele estava 6 pontos percentuais atrás de Serra, agora ultrapassou o Mr. Burns e está 4 pontos a frente. Esse é o cenário menos favorável a Lula. Nos outros cenários, está disparado na frente. Num deles, com Gerardo "Opus Dei" Alckmin como adversário, dispara: 38 a 17.

Dada à quantidade de pancada que Lula e o PT vêm recebendo nos últimos meses, é significativo, não? Pois os jornais hoje de manhã praticamente ignoraram o fato. Dos que eu vi, o Estadão foi o único que deu a notícia na primeira página. N'O Globo está no pé da página 3 (manchete do jornal é o aumento da arrecadação tributária) e a Folha simplesmente ignorou.

Não sei porque lembrei de uma capa do caderno Cotidiano da Folha que me chocou por sua sordidez. Foi quando inauguraram aqui na capital paulista o corredor de ônibus. Fizeram uma foto da Avenida Rebouças completamente engarrafada mas com o corredor livre. A matéria criticava o corredor, afirmando que tinha piorado o trânsito para quem andava de carro e praticamente escondia o fato de que a viagem de ônibus havia ficado bem mais rápida, melhorando a vida de milhares de pessoas. Além da mentira - o trânsito na Rebouças sempre foi muito ruim -, a matéria estava na contramão do que se defende para as cidades como forma de combater o caos no trânsito. Até editorial eles fizeram, dizendo que o prefeito tinha que cuidar de todos, inclusive os usuários de carros! Vai ser sonso assim lá na rua Barão de Limeira!!

Era época de campanha e a então prefeita Marta Suplicy disputava a reeleição contra Serra, o escolhido da imprensa paulista. Aí já viu, né?

A maior esperteza do diabo é não se fazer notar (Goethe)


         # Jorge Cordeiro @ 08:53

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Opus Dei em marcha
         quinta-feira, janeiro 19, 2006


         
Não preciso ler O Código Da Vinci para temer a Opus Dei. Trata-se de uma das mais retrógradas e influentes entidades religiosas do planeta que, com a ascensão de Joseph Ratzinger no Vaticano (pqp, os caras colocaram um alemão como papa!! É o fim dos tempos...), começa agora mais do que nunca a colocar suas asinhas negras pra fora. Eles querem o poder. E estão trabalhando bem para isso.

No Brasil, chegaram na década de 1950 e há pouco mais de 10 anos deram um gás na estratégia de conquistar corações e mentes por aqui. As entranhas da seita foram destrinchadas na última edição da revista Época (pena que só disponibilizaram uma parte do material no site deles, ver aqui, o resto só para assinantes). Vários ex-membros contam as agruras que sofreram por pertencer ao grupo, que mais parece viver na Idade Média. Mas há quem goste. Há quem incentive. Há até quem vislumbre um Brasil sob o poder desses carolas. Nada às claras, evidentemente. Não é o estilo deles.

O desprezo e a perseguição são benditas provas de predileção divina, mas não há prova e sinal de predileção mais belo do que este: passar oculto. (Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975) - espanhol fundador da Opus Dei)


Pois é, na manha, foram ganhando espaço. Um dos principais articuladores da Opus Dei na terra brasilis é Carlos Alberto Di Franco, professor de ética no jornalismo da Cásper Líbero (não sei se ainda é) e representante da Universidade de Navarra, na Espanha, um braço educacional da instituição religiosa. Di Franco é numerário da ordem, celibatário e está arrebanhando gente top para o projeto de poder da Opus Dei. Só gente graúda, claro, porque eles não se metem com gentinha...

Curiosamente, Di Franco tem o mesmo sobrenome do general Franco, ditador espanhol que deu cobertura à fundação da Opus Dei, que por sua vez se encarregou de formar as elites espanholas da época (final da década de 1930). Não é nada, não é nada...

Di Franco toca um projeto chamado Master em Jornalismo, que já teria formado duzentos diretores e editores dos principais veículos brasileiros - Alberto Dines pode explicar como funciona a coisa melhor do que eu. Mas não deixa de ser curioso um professor ligado à Opus Dei, especializada em proibir livros, dar cursos sobre 'gestão de conteúdo', 'ética' e 'excelência e desenvolvimento humano'...

Pois então, um dos principais 'alunos' de Di Franco atualmente é ninguém menos que o governador paulista Gerarrrrrrrrrrdo Alckmin, como bem revelou a revista Época. Sim, ele mesmo, o pré-candidato à presidência da República pelo PSDB. Esse casamento da República Daslu com a Opus Dei me parece mais assustador do que porco transgênico fosforescente.

Cruz credo!


         # Jorge Cordeiro @ 22:58

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Pai do LSD completa 100 anos
         terça-feira, janeiro 17, 2006


         

Foi no último dia 11. O químico suíço Albert Hofman, descobridor do ácido lisérgico, está lúcido e pouco antes da comemoração centenária, deu esta entrevista ao New York Times. Na conversa com o repórter Craig Smith, lamentou a proibição do LSD, lembrando que produziu muitos efeitos positivos na psicanálise, e diz que já não precisa mais tomar a substância porque a conhece bem. Mas a exemplo de Aldous Huxley, escritor e filósofo inglês, pode ingerir uma última dose quando estiver no leito de morte.

Hofman vive há décadas numa casa que construiu com a mulher na Basiléia, na Suíça. Aos poucos foi parando de trabalhar com químico e se tornou um filósofo místico, graças às inúmeras experiências que teve com o LSD ao longo dos anos.

Muitos estudos sérios mostram que o LSD não causa dependência química e nunca provocou um caso de overdose. Chegou a ser testado pelo exército americano como soro da verdade e, depois que foi popularizado na década de 1960, foi proibido nos EUA e em todo o mundo como parte da estratégia de repressão aos movimentos libertários que ganharam corpo à época. Dizem que até John F. Kennedy tomou algumas doses na Casa Branca... tá no livro do Timothy Leary, o Flashbacks.


Se quiser saber um pouco mais sobre a dietilamida do ácido lisérgico (nome científico do LSD), dê uma navegada pela página do professor Hofman. Boa viagem!

Albert Hofman é a prova viva que o LSD não necessariamente derrete os miolos quando escancara as portas da percepção. Eu particularmente defendo que todo ser humano deveria ter pelo menos uma experiência psicodélica na vida - seja ela induzida por substâncias externas como o LSD ou mescalina, ou por exercícios respiratórios, meditação ou jejum. Tornaria a vida menos medíocre.

Cem anos! Parabéns procê, velhinho!


         # Jorge Cordeiro @ 00:23

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Rufando os tambores
         segunda-feira, janeiro 16, 2006


         
A CNN foi expulsa do Irã depois de cometer um erro de tradução aparentemente banal, mas simbolicamente denunciador, ao transmitir ao vivo entrevista coletiva do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Quer entender um pouco mais sobre a polêmica nuclear do Irã, que pode levar o planeta a mais uma carnificina patrocinada por Bush Jr.? Leia este resumo


         # Jorge Cordeiro @ 18:44

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Bem-vinda ao clube!

         


Terminou a eleição no Chile e deu Michelle Bachelet, a primeira mulher a governar o país. Mais uma pro clube que já tem Evo Morales (Equador), Fidel (Cuba), Chavez (Venezuela) e Lula. Sem falar no Subcomandante Marcos, que está fazendo a outra campanha no México e reunindo as forças populares por lá para, quem sabe, um dia conquistar o poder - se os EUA deixarem claro, afinal, ter um cara como Marcos ali, no andar de baixo, perturbando, não deve ser nada fácil, nem desejado...

Enquanto isso, do outro lado do planeta, o império bushiano se prepara para mais uma guerra, desta vez contra o Irã. Se no Iraque a desculpa foram as tais armas de destruição em massa que nunca foram encontradas, agora é a retomada do programa nuclear por Teerã que faz Bush e sua gangue coçarem os dedos para apertarem o gatilho de olho em mais alguns preciosos poços petrolíferos iranianos. Os EUA irão às últimas conseqüências para manter seu ritmo de vida alucinado, esbanjador e consumista.

Apesar do Irã afirmar categoricamente que está interessado apenas na geração de energia por meio de usinas nucleares - opção equivocada a meu ver, mas é uma aspiração legítima -, os americanos se aproveitam de que meio mundo fica de cabelos em pé com a possibilidade de um país árabe ter bombas nucleares para jogar lenha na fogueira, com uma grande ajuda da imprensa, claro, que novamente está batendo tambores rumo à guerra.

Há quem garanta que a contagem regressiva já começou e que o início dessa nova guerra não tarda, acontecendo provavelmente em março. Os porcos da guerra estão famintos!

War Pigs (Paranoid - Black Sabbath)

Generals gathered in their masses
Just like witches at black masses
Evil minds that plot destruction
Sorcerers of death’s construction
In the fields the bodies burning
As the war machine keeps turning
Death and hatred to mankind
Poisoning their brainwashed minds, oh lord yeah!

Politicians hide themselves away
They only started the war
Why should they go out to fight?
They leave that role to the poor

Time will tell on their power minds
Making war just for fun
Treating people just like pawns in chess
Wait ’till their judgement day comes, yeah!

Now in darkness, world stops turning
As the war machine keeps burning
No more war pigs of the power
Hand of God has sturck the hour
Day of judgement, God is calling
On their knees, the war pigs crawling
Begging mercy for their sins
Satan, laughing, spreads his wings
All right now!


         # Jorge Cordeiro @ 01:13

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Pingos nos iis
         sábado, janeiro 14, 2006


         
A Polícia Federal recebeu nos primeiros dias deste ano um dossiê de 5 páginas com a relação dos deputados, senadores, governadores e um candidato a presidente da República que receberam quase R$ 40 milhões nas eleições de 2002. O dinheiro veio de Furnas, uma das maiores estatais do país, e não foi contabilizado. Caixa 2, isso mesmo.

O barato é que entre os beneficiários, tem muita figurinha carimbada das CPIs que estão em funcionamento em Brasília. Daqueles que gritam e soltam perdigotos nos questionamentos que fazem a acusados e testemunhas convocadas pelas comissões, acusam a torto e direito, dão declarações indignadas a jornalistas, pedem ética na política.

Além da lista dos 156 políticos que receberam a bolada, há também uma lista imensa de doares. Tem construtoras, bancos, seguradoras, estatais... é uma beleza!

A PF recebeu uma cópia dos documentos, que estão em papel timbrado da empresa, assinados por um diretor que caiu depois que Roberto Jefferson botou a boca no trombone - com firma reconhecida e tudo - e, na versão que eu baixei numa página na internet, traz até o resultado positivo de uma perícia feita pelo professor Ricardo Molina, da Unicamp. Os documentos aparentemente são verdadeiros. A própria PF já disse que são 'consistentes'. Buscam-se agora os originais do que pode ser a confirmação do que todo mundo já sabe: caixa 2, no Brasil, não é privilégio do PT. Muito pelo contrário.

Tá curioso pra saber quem figura entre os que receberam a dinheirama? Confira em http://www.pontoflash.com.br/furn@s/

Só uma curiosidade. Não há, nessa lista, um só nome do PT. Claro, em 2002, quem dava as cartas era o PSDB e o PFL...

O caso foi noticiado muito discretamente pela imprensa, nenhum político que figura no dossiê teve seu nome divulgado. Para evitar injustiças, claro. Veja aqui, por exemplo... O primeiro a dar a notícia foi o Ilimar Franco na coluna Panorama Político, do jornal O Globo, no dia 7 de janeiro. Saiu matéria em seguida na Folha e... nada. Ficou por isso mesmo.

Mas taí o link pra quem quiser ver. E divulgar.


         # Jorge Cordeiro @ 22:32

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Jornalistas e parajornalistas...
         sexta-feira, janeiro 13, 2006


         
O jornalista e professor da USP Bernardo Kucinski deu uma entrevista à Agência Repórter Social e fez uma das análises mais bem feitas que já li nos últimos tempos sobre a (equivocada) estratégia de comunicação do governo Lula e sobre a imprensa em geral. É meio longa mas merece ser lida - clique aqui para ler.

Sou meio azedo e descrente em relação ao jornalismo do jeito que ele vem sendo praticado. Lembro sempre do Zappa, que zoava o jazz dizendo:

O jazz não morreu, só está com um cheiro esquisito (jazz ain't dead, it just smells funny)


Vale pro jornalismo também. Será que há luz no fim do túnel? Caras como o Kucinski acreditam que sim e fazem questão de nos lembrar que ainda vale à pena lutar pra não ser apenas mais um beócio por aí... Outro nessa linha é Alberto Dines. Nos últimos tempos ele se engalfinhou - não sem razão - numa cruzada contra uma das figuras mais escrotas do (para)jornalismo brasileiro, o Diogo Mainardi. Num recente artigo para o Observatório da Imprensa (ler aqui - estou tendo que avisar porque parece que muitos ainda não sacaram que o que é ou não é link por aqui, depois eu paro de avisar...), Dines faz picadinho do colunista da Veja ao compará-lo com Kucinski. Coitado, dá até pena. Vc acha injusto com o Mainardi? Então dê uma lida nisso aqui (ó o link, ó, ó, ó, não viu? ai ai ai...) e tire suas próprias conclusões...

Enquanto isso, tem gente boa pondo o dedo na ferida... (sim, sim, é link... sacou agora?) O problema é que os aquários fazem ouvidos moucos a tudo o que não for espelho... E tome jornais diferentes com as mesmíssimas matérias dia após dia...


         # Jorge Cordeiro @ 23:34

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Google Pack
         quarta-feira, janeiro 11, 2006


         
Quer dar uma boa incrementada no seu computador? Então instala o Google Pack e seja feliz!

Quem, como eu, quiser instalar apenas o Google Screensaver, baixe este arquivo .zip e siga as instruções do arquivo de texto. Qq dúvida, gritem!


         # Jorge Cordeiro @ 21:45

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Boa notícia

         

A página You Send It voltou a funcionar, e agora com um visual mais bonito e, melhor, mais amigável. Por ela, é possível enviar arquivos de até 1GB para qualquer pessoa. Quer saber como funciona? Vamos fazer o seguinte: escolha um estilo musical (jazz, rock, funk, mpb, reggae) na área de comentários que eu mando um som de primeira pelo serviço pra vc, blz? (Não esquece de deixar o email pra eu poder mandar o arquivo...)


         # Jorge Cordeiro @ 21:34

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99 Rooms

         

Lembra do site 99 Rooms? Pois é, agora saiu a versão em CD-Rom, que pode ser encomendada lá mesmo na página. Pelo o que vi, o projeto está ainda mais soturno e bonito. Alguém já conseguiu chegar ao final?


         # Jorge Cordeiro @ 21:26

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Vc conhece o que come?
         sábado, janeiro 07, 2006


         
Antes de mais nada, sou carnívoro. Mas costumo dizer que, se tivesse que matar para comer, viraria vegetariano rapidinho... Depois de ver esse filme aqui, produzido pelo Peta, fica ainda mais difícil encarar um bifão ou um frango a passarinho sem ficar com a consciência pesada. A forma cruel com que a indústria lida com os animais para alimentar a gente é de fuder. Deixar os bichos malucos, doentes e estressados com certeza deve deixar a carne meio que envenenada, e com conseqüências inimagináveis pra nossa saúde.

É verdade também que é impossível simplesmente parar de uma hora para outra toda a produção atual de carne, ou os testes em laboratórios com animais (veja esta contundente e hilária reportagem feita por Penn & Teller, uma porrada e tanto contra esses movimentos pelos direitos dos animais. São dois malucos que têm um programa bem legal chamado Bullshit), mas a pressão de gente do Peta, doAnimal Liberation Front, da Vegan Society, da Vegan Action e do Freegan, entre outros defensores dos animais e contra o consumo desenfreado, está crescendo. Espero que com isso cheguemos a um meio termo, que nossa alimentação dependa cada vez menos de carne e mais de vegetais, e que reduzamos nosso alucinado consumo, que está exaurindo o planeta de seus recursos numa velocidade viral.

De qq forma, ainda bem que o Martim e a Sofia são alérgicos a leite e comem bastante verduras e legumes...

Em tempo: há imagens fortes no vídeo, se vc tem aflição de sangue, nem clica.


         # Jorge Cordeiro @ 20:08

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Dodge Challenger
         sexta-feira, janeiro 06, 2006


         
Quando eu voltar às ruas e avenidas da cidade motorizado, bem que podia ser a bordo de um desses aqui...


         # Jorge Cordeiro @ 23:48

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Zen e a arte de ser pedestre

         


Voltei a ser pedestre. A partir de agora, é bilhete único, corredor da Santo Amaro e terminal Bandeira na veia, todos os dias pro trabalho. Já venho nessa balada desde o início da semana, meu ex-carro quebrou no primeiro dia do ano (lembra? relatei o fato alguns tópicos abaixo) e desde então está na oficina. Não tem volta, vendi pro Carlinhos, motorista camarada lá do jornal que estava há tempos de olho no Gol 1.0 1996 prata, igualzinho aos carros que o JB tinha quando eu cheguei aqui em 1999. Vou sentir saudades dele...

Mas enfim... as minhas atuais condições econômicas não permitem mais tamanho luxo. Estou em fase de economia de guerra. Não adiantou nada eu ter me vestido de amarelo na virada do ano, feito um ovo. Em menos de uma semana já perdi uma grana preta. Vai ver sou geneticamente pobre, sei lá, a Ana odeia que eu fale isso. O caso é que entrei no projeto dívida zero 2006. Mas já comprei um monitor LCD 17" parcelado em 12... :)

Até que não é o fim do mundo voltar a ser pedestre. Ok, São Paulo é uma cidade gigante, ficar a pé é uma temeridade, um carro ajuda muito e tal, mas tenho usado os ônibus pra circular pra lá e pra cá e não tenho nada do que me queixar. Pelo contrário. Tia Marta deixou um sistema de qualidade - tanto nos veículos como nos corredores. Levo 20 míseros minutos pra chegar no trabalho de manhã e outros 20 pra voltar pra casa, mesmo no horário do rush (como hoje). Em ônibus novos em sua maioria, diga-se de passagem. Agora parece que o bilhete único vai valer também no metrô, se bem que é uma puta picaretagem, enquanto no ônibus pode-se pegar quantos quiser num período de duas horas pagando uma passagem só, no metrô só pode uma vez (cobrando R$ 1) e por enquanto só na linha 2. E os putos do Mr. Burns e Gerarrrrrrrrrdo ainda vão capitalizar em cima disso, de olho na eleição.

De qualquer maneira, vou aproveitar essa nova fase pra circular mais pelo centro, coisa que curto e que com carro não rola. Carro é que nem cheiração de pó, um puta vício egoísta, que a gente só larga quando acontece uma merda tipo quebra ou roubo. Esta semana mesmo já fiz uma porrada de coisas que não fazia há tempos, descobri caminhos, bares, padarias, lojas, biroscas, vendinhas, um mundo por entre becos e multidões. De quebra posso até perder uns quilinhos e diminuir esta pança ridícula.

E ainda vou aproveitar pra curtir boa parte dos MP3s que baixei nos últimos tempos. Fiz um CD com 113 músicas, Brant Bjork, Che, Hermano, Fumanchu, Living Things (o site deles é duca, vale a visita enquanto escuta Bom Bom Bom), Unida, Monster Magnet, Rocket From The Crypt e uma pá de outros sons, só pauleira.

A propósito, Josh Homme (ex-Kyuss e atual Queens of Stone Age) anunciou na página do seu projeto Desert Sessions que os seis primeiros discos das sessões no deserto serão relançados em edições limitadas (de CD e vinil) a partir de abril. Nos EUA apenas, provavelmente. O album de vinil será duplo como nos bons tempos, 1/2, 3/4, 5/6. Os 7/8 e 9/10 já saíram faz tempo. Tenho os dez em MP3, be my guest quem se interessar, jhcordeiro no slsk.

Essas sessões no deserto que o Josh promove com amigos deve ser uma puta terapia pro cara, de repente até um laboratório pro Queens of Stone Age. Eles se reúnem sempre no Rancho de la Luna, um estúdio no meio do deserto. Sem preocupações mercadológicas, levam um som descompromissado e honesto. Coisa rara por aí. De repente, numa dessas, o bom e velho Kyuss se reúne de novo. Josh e John Garcia (vocal que tá no Hermano e mandou bala um tempo no Unida) quebraram o gelo no final do ano passado, depois de oito anos falando cobras & lagartos um do outro.

Só não levo um livro pra ler no ônibus porque me dá uma puta dor de cabeça aquele balanço todo, fico enjoado, não rola. Se ainda fosse metrô, mas enfim, só o fato de ficar uma horinha refletindo sobre a vida, a cidade, as ruas, as pessoas, a música, já vale. Até que tenho arrumado tempo pra ler, acabei meu 10o. livro do ano, o Reações Psicóticas do Lester Bangs, livreto na verdade, curtinho, 128 páginas em formato de livro de bolso, mas intenso a vera, Lester era um jornalista de música como não existem mais, só temos levanta-e-corta na imprensa, nunca vi ninguém chegar pro Milton Nascimento e falar na lata, "porra, negâo, tu tá cantando mal pracaralho, pára de cheirar, porra!", ou dizer pra Gal que ela desperdiçou 80% da carreira dela com um monte de lixo. Qual o problema afinal? É gente como a gente, Lester diz isso a certa altura no livro, sempre pensei assim, vaca sagrada não é comigo, sigo essa cartilha no jornalismo, mas ô povinho corporativista. Colocamos uns bostas no olimpo pop e dá no que a gente vê todo dia na TV, bando de gente vazia, oca, que não junta lé com cré e cagam uma regra com a autoridade de um deus morto que brilha ao som de falsas trombetas. Tem na música, no esporte, no jornalismo, na política, na economia, na literatura...

O texto em que Lester Bangs descreve a entrevista de mais de duas horas que teve com Lou Reed é coisa de outro mundo. Mamado de Jack Daniels e valiums, trocam farpas, ofensas, medem forças, gostos, num duelo de titãs do pop que pinta bem o retrato da década de 1970. E nunca li um texto que definisse tão bem o Jethro Tull (no livro, fala sobre o disco Thick as a Brick). Ninguém parece conhecer mais o roquenrol do que ele, ou melhor, ninguém soube traduzir melhor as entranhas do roquenrol do que ele.

Martin Scorcese até que chega lá, mas por outros meios. Li Reações Psicóticas logo depois de ver o documentário do Bob Dylan, o No Direction Home, outra preciosidade. Dylan talvez seja uma das figuras mais enigmáticas de todos os tempos. Cantor de protesto? Oportunista? Cantor Folk? Arruaceiro? Poeta beat? Profeta? Acho que de tudo um pouco. O cara atravessou quatro décadas sem que ninguém conseguisse encaixotá-lo. Scorcese foi malandro ao não perseguir isso. O documentário abrange apenas o período entre 1961, quando Dylan decide o que quer ser, e 1966, quando dá asas à sua criação, saindo do casulo para longe da lama da mesmice. Foi nesse ano que ele lançou Blonde on Blonde, um dos discos mais importantes da história!

Scorcese deixa a corrente fluir em dois DVDs (três horas e uns quebrados, fora os excelentes extras), construindo o personagem Dylan com as lembranças, decepções, alegrias, expectativas e idealizações de muita gente que conviveu com ele, antes do sucesso e depois que foi alçado à condição de profeta divino - coisa que abominava e sempre que podia tripudiava de quem assim o via, principalmente a imprensa. Para fortalecer ainda mais a construção do personagem, Scorcese usa o contraponto do próprio Dylan comentando fatos já narrados sob sua perspectiva para dar uma tridimensionalidade a história toda, ajudando o espectador a entendê-lo um pouco mais. Um bom quebra-cabeça que exige mais de uma sessão, fácil.

O foda, no entanto, é que Dylan, que não é bobo nem nada, deixa no ar sempre, com aquele olhar de quem sabe algo que ninguém mais sabe, que tem muito mais na manga e não revela nem a pau. Quem sabe num próximo documentário?

Este tópico ficou enorme, bem ao estilo das letras quilométricas do Dylan... hehehehh, ah, e dizem que todo mundo tem uma música preferida de Bob Dylan. Pois a minha é:

Tombstone Blues (do disco Highway 61 Revisited, de 1965)

The sweet pretty things are in bed now of course
The city fathers they're trying to endorse
The reincarnation of Paul Revere's horse
But the town has no need to be nervous

The ghost of Belle Starr she hands down her wits
To Jezebel the nun she violently knits
A bald wig for Jack the Ripper who sits
At the head of the chamber of commerce

Mama's in the fact'ry
She ain't got no shoes
Daddy's in the alley
He's lookin' for the fuse
I'm in the kitchen
With the tombstone blues

The hysterical bride in the penny arcade
Screaming she moans, "I've just been made"
Then sends out for the doctor who pulls down the shade
Says, "My advice is to not let the boys in"

Now the medicine man comes and he shuffles inside
He walks with a swagger and he says to the bride
"Stop all this weeping, swallow your pride
You will not die, it's not poison"

Mama's in the fact'ry
She ain't got no shoes
Daddy's in the alley
He's lookin' for the fuse
I'm in the kitchen
With the tombstone blues

Well, John the Baptist after torturing a thief
Looks up at his hero the Commander-in-Chief
Saying, "Tell me great hero, but please make it brief
Is there a hole for me to get sick in?"

The Commander-in-Chief answers him while chasing a fly
Saying, "Death to all those who would whimper and cry"
And dropping a bar bell he points to the sky
Saving, "The sun's not yellow it's chicken"

Mama's in the fact'ry
She ain't got no shoes
Daddy's in the alley
He's lookin' for the fuse
I'm in the kitchen
With the tombstone blues

The king of the Philistines his soldiers to save
Puts jawbones on their tombstones and flatters their graves
Puts the pied pipers in prison and fattens the slaves
Then sends them out to the jungle

Gypsy Davey with a blowtorch he burns out their camps
With his faithful slave Pedro behind him he tramps
With a fantastic collection of stamps
To win friends and influence his uncle

Mama's in the fact'ry
She ain't got no shoes
Daddy's in the alley
He's lookin' for the fuse
I'm in the kitchen
With the tombstone blues

The geometry of innocent flesh on the bone
Causes Galileo's math book to get thrown
At Delilah who sits worthlessly alone
But the tears on her cheeks are from laughter

Now I wish I could give Brother Bill his great thrill
I would set him in chains at the top of the hill
Then send out for some pillars and Cecil B. DeMille
He could die happily ever after

Mama's in the fact'ry
She ain't got no shoes
Daddy's in the alley
He's lookin' for the fuse
I'm in the kitchen
With the tombstone blues

Where Ma Raney and Beethoven once unwrapped their bed roll
Tuba players now rehearse around the flagpole
And the National Bank at a profit sells road maps for the soul
To the old folks home and the college

Now I wish I could write you a melody so plain
That could hold you dear lady from going insane
That could ease you and cool you and cease the pain
Of your useless and pointless knowledge

Mama's in the fact'ry
She ain't got no shoes
Daddy's in the alley
He's lookin' for the fuse
I'm in the kitchen
With the tombstone blues


         # Jorge Cordeiro @ 19:36

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Novos tempos na América Latina
         quarta-feira, janeiro 04, 2006


         

Chavez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, agora o Chile parece que tá indo pelo mesmo caminho, quem sabe o México também, já que o subcomandante Marcos - que tem uma página na internet muito bem bolada, a seção de fotos então é genial - resolveu sair pelo país de motocicleta numa campanha alternativa iniciada no dia 1o. de janeiro e pode transformá-lo num seríssimo candidato à presidente por lá. Marcos estava desaparecido por quatro anos e reapareceu em agosto último. Ele viaja numa motocicleta (foto acima) e pretende conversar com entidades da sociedade civil por onde passar.

Vai dar o que falar esse eixo do Bem que está se formando. Será que ainda dá tempo do Lula embarcar nessa? Sei não...


         # Jorge Cordeiro @ 22:21

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Devolve, Heloísa!!

         

Que beleza!! Paladinos da moralidade e da justiça, os senadores Jefferson Peres (PDT) e Heloísa Helena (PSOL) - também conhecida como a gralha de Alagoas - não abriram mão do salário que receberam pela convocação extraordinária do Congresso. A pretexto de continuarem as investigações nas CPIs, fizeram a convocação, mas ninguém apareceu para trabalhar em Brasília. Parece que só uns 50 parlamentares devolveram o dinheiro. Não custa lembrar que a Câmara tem mais de 500 deputados e o Senado, mais de 80.


         # Jorge Cordeiro @ 08:54

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Qual a intenção do jornalismo?
         segunda-feira, janeiro 02, 2006


         
A análise que o escritor Gay Talese fez sobre o New York Times em entrevista à Folha de S. Paulo (publicada no dia 26 passado) cai como uma luva para o conjunto da imprensa mundial, que perde credibilidade e vê as vendas afundarem, a meu ver, porque se amalgamou com gosto às elites políticas e econômicas, dando as costas a boa parte de seus leitores.

Talvez seja reflexo do seguinte, conforme aponta Talese:

Os jornalistas hoje têm muito mais estudo. Sua educação é melhor, freqüentam melhores faculdades. Isso os fez ficar mais parecidos com as pessoas que estão no poder. Quando eu era jovem era diferente. Eu sou de família italiana, Halberstein é judeu, Salisbury é do meio-oeste.

Todas as pessoas com as quais eu trabalhei quando comecei no "New York Times" eram das camadas mais baixas. Seus pais, na maioria dos casos, não estudaram em faculdades. Nós não viemos das escolas de elite, éramos "outsiders", víamos o mundo com ceticismo. Hoje, quem cobre o poder estudou em Yale, Princeton, Harvard, Stanford. Seus pais são advogados, suas mães são líderes de empresas. Socialmente, o jornalismo está num nível mais alto.


Meu pai sempre me disse que para transformar alguma coisa (no caso, falava sobre o Exército) era preciso começar por dentro. Pode ser. O problema é resistir ao canto da sereia. A quantidade de coleguinhas que vejo hoje cantando de galo nas suas respectivas áreas de atuação por conviverem sempre com as mesmas figuras - ou fontes - é impressionante. Tornanam-se mais especialistas do que os próprios especialistas (vide Míriam Leitão), parecem mais preocupados em cagar suas regras do que ouvir e analisar o que os especialistas de fato - e das mais variadas correntes, não apenas aqueles que repetem o que o jornalista acredita - têm a dizer. Céus, kd a dúvida? Só sabem arrotar certezas, é na CBN com o mala do Sardenbergh, na Globo com o cínico do Alexandre Garcia, as meninas lambe-botas do Jô, os tais párajornalistas que tanto falam, o cinzento Jabor, o Mainardi e sua sanha autista, enfim...

O jornalismo perdeu há tempos o valor da sutileza. O que vale é empacotar bem a pauta bolada nos aquários com umas aspinhas bombásticas para garantir a manchete do dia seguinte de acordo com a linha política desenhada pelo baronato. E martela-se tanto as picuinhas nos moldes de realidade cultivados por nossa elite babaquara que a verdade vai se ajeitando, amoldando, encaixando na fantasia grotesca e cínica de quem faz e acontece por aqui.

Jornalista não é artista, não é político, não é economista, não é empresário. É jornalista. Mas está cada vez mais parecido com o zelig do cinema, que se transforma naquilo que mais lhe for interessante, que lhe trouxer mais dividendos. Dá no que pensar, por exemplo, a notícia de que César Tralli, o badalado algoz da família Maluf, teve sua festa de aniversário bancada pelo senador Gilberto Miranda, lobista de cassinos. Diga-me com quem andas que eu te direi quem és? Pode ser, uma relação dessas não é à toa, vai... Enfim, de qq maneira, ficará elas por elas, ele vai fazer mais uma penca de matérias bombásticas, com aquela cara séria e ternos bem cortados, sapatinhos de três dígitos, e babau, pronto, quem vai se queixar?

O que vale é a intenção, sempre. E qual é a do jornalismo hoje? Poder, notoriedade, fama - e alguns caraminguás, que ninguém é de ferro. Acho que podemos resumir isso tudo no bom e velho "farinha pouca, meu pirão primeiro!"


         # Jorge Cordeiro @ 21:26

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O primeiro dia do ano
         domingo, janeiro 01, 2006


         
Resistir = (re) existir. Estava carimbado numa das seis notas de 50 pratas que peguei no caixa eletrônico aqui perto de casa para pagar o Jordão, dono do guincho que me trouxe hoje de tarde lá de Jundiaí pra casa. O carro quebrou na estrada quando tentava chegar ao trabalho depois de passar o reveillon em Jaguariúna com a família. Estourou uma polia do alternador, a correia partiu, furou até o capô com a ricocheteada que deu. Forcei o bicho pra chegar a um posto, mas mifu, foi uma fumaceira só. Morri em R$ 300 pratas e vou morrer em mais não sei quanto na oficina pra arrumar a bagunça. E perdi o horário no trampo, claro.

Fiquei olhando praquela nota um tempo. Definitivamente, o caixa eletrônico de banco é o oráculo da vida moderna, tem respostas para tudo em notas de 10, 20, 50... carimbadas ou não, são elas que resolvem. Resistir é inútil.

Quando cheguei ao tal posto na rodovia dos Bandeirantes, encontrei um casal amigo, a eles expliquei meu perrengue, e ela: "pô, vc tá até muito calmo pra situação, se fosse eu já estaria socando e xingando todo mundo". Pois é, talvez eu devesse mesmo ter expurgado essa zica que parece ter colado em mim logo no primeiro dia do ano chutando a porra do carro, gritando com a telefonista da Autobahn que repetia como robô que não podia me ajudar, "infelizmente, senhor, só atendemos em caso de problema com a bateria ou para rebocá-lo a um posto, como o senhor já está num posto, infelizmente... tú, tú, tú", desliguei antes de mandá-la à merda! Mas não, segurei a onda e fui atrás de um mecânico ou guincho. Parecia meio anestesiado, por dentro uma voz berrava na cabeça, mas ao me ver em reflexos de portas de vidro e pára-brisas de carros, nem um músculo denunciava minha angústia, minha raiva, minha tristeza, minha dureza, minha vontade de chutar o balde e gritar.

Esperei sentado no meio-fio, embalado pelo som do Unida, Smile, the smile you used, you choose this hard life, yeah, ducaralho, quase impossível achar esse segundo disco (o primeiro também, está fora de catálogo, custa uma fortuna na Amazon), John Garcia e companhia afiadíssimos, não foi lançado porque brigaram com a gravadora e ela detinha os direitos sobre as músicas - mas a internet taí pra fazer justiça com o próprio mouse... :)

Jordão chegou, os cumprimentos de praxe, carro devidamente amarrado, eu no banco detrás da picape, inebriado pela facada que tomaria minutos depois, sem contar o conserto da merda toda depois na oficina, provavelmente ainda vão encontrar mais uma rebinboca da parafuseta pra tirar mais uns trocados meus, e ainda tenho que acordar às 5 da matina amanhã pra pegar o buzum e chegar às 7 em ponto no trampo, sem falha, porque aí vai ser foda...

Primeiro dia do ano... se eu pudesse mesmo (re) existir, faria uma penca de coisas de outra maneira, esse papo de "não me arrependo de nada" é pura balela, nêgo caga uma regra fudida, se fosse dada a oportunidade, garanto que 99% das pessoas fariam muita coisa diferente sim. Eu sei que Jung e seu conceito de sincronicidade estão meio que fora de moda - não pra mim, enfim... -, mas ao ver aquela mensagem na nota de 50 era como se o universo conspirasse para que eu começasse o ano levando em conta que tudo vai ser bem diferente. Oxalá que seja pra melhor.

(Não sei como estarei - ou mesmo se estarei - em 30 anos, mas vou mandar esta crônica para o futuro, só pra ver como reagirei ao lembrar desse perrengue todo em 2036.)

(ia comentar o documentário do Bob Dylan que ganhei de Natal, mas fica pra depois... vou chafurdar na manchete leviana do Estadão deste domingo e sonhar com carneiros elétricos...)


         # Jorge Cordeiro @ 17:56

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