Zorobabel
quinta-feira, setembro 01, 2005
Tô meio sonolento, graças ao esforço que fiz para ler um livro de 700 páginas em menos de uma semana para poder entrevistar seu autor. É um frila que estou fazendo pra Editora Record, leio um livro, entrevisto o autor e mando pros caras no Rio que usam o texto como parte do material de divulgação. Desta vez foi Zorobabel, do Zé Rodrix. O livro é fantástico, o segundo de uma trilogia a ser completada em dois anos. Conversei com ele ontem (quarta-feira) no escritório de sua casa, na simpática rua Petrópolis, ali perto das avenidas Sumaré e Dr. Arnaldo. Papo delicioso, ficamos mais de duas horas falando sobre a Ordem do Templo de Jeová e maçonaria (sobre os quais fala o livro), paganismo, música, literatura, ficção científica, romances históricos. Em parte como fonte para a entrevista, mas muito de bate-papo informal mesmo. Se pudesse, voltaria mais vezes pra trocar uma idéia com o cara, que considero uma das poucas cabeças esclarecidas de nosso frágil e medíocre mundo artístico nacional.
Além desse Zorobabel, que foi pré-lançado na última Bienal do Livro do Rio e o será oficialmente nas livrarias acho que ainda em setembro, Zé Rodrix está com três outros livros no forno: Gosto Alugado (que discute os dogmas e mitos da música brasileira que são perpetuados pela mídia), O Cozinheiro do Rei (ficção histórica que se passa no Brasil imperial, se não me engano) e o terceiro volume da trilogia sobre o Templo de David e a ordem maçônica que girava em torno dele, contada agora a partir do ponto de vista de um traidor. Pela leitura do prólogo depois da entrevista pude perceber que se trata de nova obra-prima.
O texto de Rodrix é rebuscado, fácil e instigante. Falei que, por ser livro dele, esperava algo mais pop, mas sua escrita é elegante, formal e densa, algo raro na literatura brazuca.
Não li ainda o primeiro livro da trilogia, que narra a construção do Templo de David, mas já encomendei um exemplar. Logo mais coloco um dos trechos que mais me impressionou, tanto pela beleza das palavras, como pena cena em si - a dança que a sacerdotisa Ishtar faz no alto do templo de Marduq (que nada mais é do que a famosa Torre de Babel) momentos antes de se enlaçar com o rei da Babilônia em uma cerimônia sexual ritualística.
Zé Rodrix pode estar criando com Zorobabel, um Senhor dos Anéis brazuca - sem nada a dever à obra de Tolkien.
# Jorge Cordeiro @ 14:58
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