Vila Madá
quarta-feira, novembro 02, 2005
A panela de pressão da cachola aqui apitou avisando o momento de dar uma desanuviada. Contatei alguns camaradas do GP e fomos prum chope e algo mais na terça à noite na vila madá. A ralação online é insana e morar no Brooklyn pra quem sempre morou em Pinheiros e adjascências em SP é um isolamento desafiador. Já falei pra Ana: na primeira oportunidade, nos debandamos novamente para lá, sem pestanejar. Mas enquanto isso não acontece, faço minhas incursões pela região sempre que tenho uma brecha - e nada como uma terça-feira véspera de feriado para isso. Ok, Martim e Sofia me acordariam cedo na quarta como sempre, mas tava disposto a bancar essa. Não seria a primeira nem a última vez que ficaria meio zumbi pela casa...
E lá fui eu com meu golzinho audaz pra vila madá, encontrar os camaradas num daqueles predinhos do BNH ali no final da Purpurina, sempre me chamaram a atenção, simpáticos. Cheguei primeiro, rua cheia de vagas (uma raridade na região!!). Os caras chegam, trazem um chileno a tira-colo, recém chegado, vai morar no Brasil por uns tempos, saludo!
Depois do pit-stop, fomos a pé para um tal Bambu ali na Purpurina mesmo, puta ladeirão pra subir, puf puf puf, eis que camarada Flufy diz: "Vamos tomar uma no boteco do portuga?" "Bora", respondi de pronto em coro com Madá e Christian, o chileno. Apesar da azia que sentia (uma carne assada hiper-temperada no almoço dá nisso...), uma cervejinha com os amigos num boteco sempre é bem-vinda. Mas eis que me deparo com uma padaria. Ok, paulista gosta de beber em padaria, mas Flufy é carioca da gema e mora há pouco tempo em sampa, porra, o cara me levar pra tomar uma numa legítima padoca?
Mas logo vi que não era bem assim. Como posso dizer? Bem, a padaria do portuga é, digamos assim, um dos lugares mais surreais que já conheci na vida - e olha que não foram poucos... Pra começar, o próprio portuga é um figuraça, o Raul Julia dos trópicos como bem definiu Flufy. Rouco toda vida, cheio de medalhões no peito, nos cumprimentou esfuziantemente, juntou as mesas, colocou cerveja, copos e ligou a jukebox nas alturas (ou já estava ligada? ô memória...). Como soube que um de nós era chileno, tascou um Gipsy Kings e se pos a dançar no meio da padaria! Não pude resistir e comecei a rir. Aí o cara se anima ainda mais e nos oferece um poderoso uíscão. Recusei pois minha gastrite gritou só de pensar. Estava determinado a pegar leve na cachaça.
De dia, ao que tudo indicava, era uma padaria normal, pão, leite, manteiga e tal, mas à noite, principalmente na madruga, era quase uma boate! No final da noite tinha até um deputado estadual na parada! Não sei o nome do cara, mas portuga confirmou. E se ele confirmou, tá confirmado!
Duas rodadas de cerva depois, fomos enfim para o tal Bambu, lugar de música brasileira, xote, baião, xaxado, coco, ciranda, embolada. Como estou com motor 3.7, fiquei imaginando o mico que ia pagar por entre chinelos de couro, batas e a meninada em seus 20 e poucos anos. Mas logo na porta a grata surpresa de ver um pessoal legal, caras boas, gente bonita e alegre de idades variadas. Ok, vamos ver lá dentro.
O som mecânico que rolava era o default, Jorge Ben, Chico Science, Chico Buarque, Jackson do Pandeiro, ok ok, tá bom... entra então um som muito louco, não consigo identificar intérprete mas o ritmo é irresistível e ao final, tchã-nã, a banda aparece no palquinho ao nível do chão. Boa entrada. Eles se apresentam (grupo Cataia, da Ilha do Cardoso, pelo o que soube lá) e começam a tocar. Muito bom, corajosa e criativa mescla de ritmos brasileiros em arranjos modernos e bem trabalhados. Deu pra sacar que os caras não estão ali só para reproduzir o que já foi feito, têm um trabalho próprio consistente. E a molecada lá quase toda conhecia de cor as letras. O tiozão aqui ficou meio de quina, só observando a movimentação dos camaradas que voavam baixo nas gatinhas, sem muito sucesso. Lá pelas tantas, encontramos uma amiga, a Claudia, também do GP, e ficamos trocando uma idéia.
O chileno já tinha se debandado quando vi que já passavam das três da matina. Ops, saída estratégica pela direita... Os caras também desistiram da colheita e rumamos todos para casa. Inevitavelmente passamos novamente no portuga e a padoca estava a mil, som nas alturas, rolando The Doors (Spanish Caravan). O cara tinha incorporado de vez o tipo latino. O mesmo sorriso confiante estampado na cara, nos recebeu aos abraços again. Tomamos uma saideira e comi um pedaço de pizza horroroso (a la carioca, massa dura, haja ketchup pra disfarçar o gosto). A azia virou uma África e eu tentei aplacá-la com um toddynho. Piorou. Mas deu pra chegar em casa na boa. Com uma puta saudade da Vila Madá.
Sou urbanóide, não tem jeito...
# Jorge Cordeiro @ 17:34
<< Home
|
|
Navegando
Ãlbum de famÃlia
Urubus (ex-alunos do CPII)
High Times
Andy Miah
Wikipedia
Natural Resources Defense Council
Michael Moore
World Press Photo
Alan Moore
Filosofia Sufi
Attac
The Economist
BBC Brasil
Greenpeace
Warnet
O Cruzeiro digital
Subcomandante Marcos
Pedala Oposição
A For Anarchy
Blog-se
1/2 Bossa Nova e Rock'n'Roll
Projeto Luisa
Paulistanias
Idiotas da Objetividade
Primavera 1989
Lawrence Lessig
Fotolog da Elen Nas
A Noosfera
Blog do Neil Gaiman
Saturnália
Kaleidoscopio
Conversa de Botequim
Cera Quente
Blog da Regina Duarte
Coleguinhas
Cascata!
Insights
Mandrake: O Som e a Palavra
Cocadaboa
Academia
Viciado Carioca
Promiscuidade em Beagá
Stuff and Nonsense
Google Maps Mania
Laudas CrÃticas
Google Blog
SÃndrome de Estocolmo
Tudo na Tela
Uma Coisa é Uma, Outra Coisa é Outra
Sensações
Ovelha Elétrica
Yonkis
Totally Crap
MÃdia Alternativa
Guerrilla News Network
Revista Nova-E
Centro de MÃdia Independente
Observatório Brasileiro de MÃdia
Center For Media and Democracy
Comunix
Jornais do mundo
Disinfopedia
Agência Carta Maior
Project Censored
Stay Free Magazine
AntiWar
Red VoltaireNet
Consciência.net
Tecnologia
Electronic Frontier Foundation
Mozilla Firefox
Artigos Interessantes
Portal Software Livre BR
CNET News.com
Slashdot
Kuro5hin
Wired
Creative Commons
Engadget
Música
Downhill Battle
Soul City
Planeta Stoner
Movie Grooves
Hellride Music
Stoner Rock
Ether Music
Funk is Here
Sinister Online
Alan Lomax
Rathergood
Frank Zappa
Válvula Discos
Beatallica
Bambas & Biritas
The Digital Music Weblog
Saravá Club
8 Days In April
Violão Velho
Bad Music Radio
Creem Magazine
Detroit Rock & Roll
Afroman
Nau Pyrata
Cinema
Rotten Tomatoes
Cinema em Cena
Arquivos
setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006
Ãltimos Artigos
Wu Ming em SP Encruzilhadas Jano em Dvd Mulambada Drupa de 2 Nana monstrinho... A gripe aviária chegou! Nudez E Diadema disse 'sim'... Os "Urcos" venceram...
|