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                Bienal, um caso de amor e ódio 
                       segunda-feira, março 13, 2006 
            
             
                     Eventos grandiosos ao estilo dessa Bienal do Livro que está bombando na capital paulista sempre geram relações de amor e ódio. Amamos a profusão de novidades, a enormidade de opções, os preços convidativos (nem sempre...), a possibilidade de encontrar amigos perdidos e a sensação de estar participando de algo grande; por outro lado, odiamos o tumulto, a falta de tempo pra ver tudo que há para ser visto e as filas, sim as filas, elas estão lá, por todos os lados, como ácaros! Mesmo a enormidade de opções pode ser tornar um estorvo (se vc é libriano, sabe do que estou falando...).
  Minha tendência inicial, geralmente, é odiar eventos desse tipo. Tendo a concordar com quem diz que há uma 'shoppingcenterização' da bienal, o negócio é vender livro, não discutir o livro ou apreciar o livro. Isso vira detalhe. Mas quem curte livro, acaba se rendendo. Comigo não foi diferente. Circulei pelo espaçoso Pavilhão de Exposições do Anhembi por quatro horas no sábado e duas no domingo. E apesar dos pesares, é um programa divertido. Cansativo, mas no cômpito geral, gratificante.
 
   A escolha do Anhembi, pelas proporções que o evento tomou nos últimos anos, foi mais do que acertada. Todo mundo em São Paulo sabe chegar ao Anhembi - de carro, ônibus ou metrô. E mesmo quem não é daqui, chega sem nenhum problema. Parece que, em sampa, todos os caminhos levam ao Anhembi.
  Essa facilidade, no entanto, pode causar grande decepção porque, ao chegar ao pavilhão... ah, as filas... Quem vai de carro já encontra uma gigantesca - uma não, várias - para o estacionamento. São 13 mil vagas, mas parece que todos chegam de carro ao lugar, é impressionante! 
  E ao aguardar sua vez de pagar os R$ 15 da tão aguardada vaga, vê-se a longa fila da bilheteria dando voltas em frente à entrada do pavilhão. Desanimador.
 
   Se vc não é artista, professor, autoridade ou jornalista, pode se preparar. Eu levei mais tempo nas filas para entrar (40 minutos) do que da minha casa no Brooklin até o local (25 minutos). Lá dentro, mais filas - para pagar livros, pegar autógrafos ou brindes, participar de debates, comer, beber, degustar um mísero sorvete! Infernal.
  No sábado, cheguei em cima do laço para conseguir autógrafos do Zé Rodrix no estande da editora Record (que no mapa está indicado como Grupo Editorial Record, se pode complicar, pra quê facilitar, não é mesmo?) para meus dois volumes de sua trilogia sobre o Templo de Jerusalém. Me recebeu com um sincero sorriso, lembrou de meu nome (o entrevistei algumas vezes já) e escrevinhou duas mensagens simpáticas nos livros - já aguardo ansiosamente o terceiro e último volume, que ele me garantiu estar pronto em maio de 2007. 
 
   Fui com o Martim que, como bem disse uma mulher numa das muitas filas que peguei na bienal, parece ter 10 pessoas dentro de si. Controlá-lo é um exercício de zen-paternalidade. Não raro tive que correr em desabalada carreira pra evitar perdê-lo por entre o mundaréu de gente e estandes. Consegui um pouco de descanso quando cheguei ao espaço infantil, onde curtiu o teatrinho de bonecos da Turma da Mônica e por lá ficou cerca de meia hora. Foi o tempo que tive para descansar antes de mais uma circulada daquelas. (olha ele aí...)
  Nas andanças, procurei evitar os estandes mais badalados. Nada do que a Americanas, LaSelva, Siciliano ou Saraiva ofereciam por lá não poderia ser encontrado no aconchego do meu lar, à distância de um clique do mouse. Foquei nas pequenas e algumas desconhecidas (pra mim) editoras, onde poderia encontrar títulos diferentes. 
 
   Exceção foi o estande da Companhia das Letras/Jorge Zahar Editor, que fica logo na entrada. Lindo, todo de madeira, lá dentro luminárias a la abajures dão um toque intimista, estilo livraria de bairro, saca?. Sedução pouca é bobagem. Mesmo lotado, tive que entrar. E de lá saí com três livros: Os Assassinos, Os primórdios do terrorismo no Islã, de Bernard Lewis (sobre a seita secreta muçulmana que surgiu na época das cruzadas, os caras consumiam haxixe e escolhiam uma personalidade importante para matar); História do Mundo em 6 Copos, de Tom Standage (conta a história da humanidade por meio das bebidas, no caso a cerveja e o desenvolvimento da escrita, o vinho e a filosofia grega, os destilados e a independência dos EUA, o chá e a queda do império britânico, o café e o progresso científico, e a Coca-Cola e a globalização. Esse tenho que indicar pro meu amigo Juarez Becoza); e 24 Contos de F. Scott Fitzgerald (com prefácio e tradução de Ruy Castro).
  Pensei em parar, mas ao comprar livros infantis pros moleques - um livro que pode ser molhado e babado à vontade, de plástico, para a Sofia, e um de montar, A Casa dos Ratinhos, de Marie-José Sacré (editora Salamandra), que ao se abrir vira uma casa de oito cômodos e dois andares, bem legal (apesar de descobrir que pagaria menos se tivesse comprar pela internet), pro Martim, não resisti e levei mais dois pra minha humilde biblioteca: o segundo volume da Liga Extraordinária, do Alan Moore (desenhos de Kevin O'Neill), e o fidelíssimo registro que o desenhista francês Jano fez do Rio de Janeiro na série Cadernos de Viagens (ed. Casa 21), ambos na Devir Livraria.
 
   No domingo, ao visitar o estande da Biblioteca Nacional, fiquei tentado também em adquirir O Livro dos Livros da Real Biblioteca (na foto), editado com patrocínio da Odebrecht, que conta sua história, como surgiu, como D. João VI a trouxe para o Brasil. O preço, R$ 108, bem abaixo do que é vendido pela própria em seu site, mas já tinha gasto os tubos e desisti.
  Mas o grande sucesso da Bienal do Livro de São Paulo não foi um livro: 9 entre 10 crianças que circulavam pela feira tinham em mãos um pega-pega com cabeça de crocodilo, com um gatilho embaixo pra fazê-la abrir e fechar a boca, R$ 4 no mini-estande da editora carioca Odontomar (especializada em livros sobre odontologia, fica na ala E, entre as avenidas 5 e 6). De quinta a domingo, mais de 2 mil dessas engenhocas foram vendidas. No embalo, muitos acabam levando também livros da editora. Boa sacada.
 
   Antes de ir embora, passei no Espaço Literário Visa pra ver o que de bom rolava e encontrei uma imensa fila. Uau, pensei, hoje as palestras parecem boas. Realmente eram - uma sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e outra sobre músicas sobre São Paulo. Mas que nada, o interesse era pelos brindes da operadora de cartão de crédito, chaverinhos com letrinhas coloridas. Como já estava lá, fazer o que? Peguei mais esta fila, consegui um M e um S e fui embora.
  Bienal é isso aí... 
             
                     # Jorge Cordeiro @ 03:14 
            
            
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