Woody Allen faz cinema como poucos
domingo, fevereiro 19, 2006
Se tem um cineasta que consegue pelo menos um rasgo de genialidade a cada filme que faz, esse cara é Woody Allen (o cara tem site! E é dos bons!). O tempo passa e ele mantém fidelidade a um estilo elegante de contar boas histórias, unindo densidade e simplicidade na medida certa. As tramas se entrelaçam com uma facilidade invejável, os figurinos, cenários e músicas realçando esse estilo elegante, conspirando pelo refinamento geral, inebriando o espectador tal qual vinho a discutir a existência humana. Uns mais, outros menos, mas na média, filmaços. E sempre com pelo menos uma grande sacada - o ator desfocado em Desconstruindo Harry, o cara que viaja no tempo pela tela do cinema em Rosa Púrpura do Cairo, o outro que assimila as idiossincrasias dos interlocutores em Zelig, o coral grego que interfere aqui e ali em Poderosa Afrodite (a secretária eletrônica de Zeus é uma das cenas mais engraçadas do cinema mundial...), o diretor que fica cego em Dirigindo no Escuro, o bandidão que dá dicas a um autor fracassado em Tiros na Broadway, os crimes cometidos sob hipnose em O Escorpião de Jade (Constantinopla! Madagascar!), a transposição de Crime e Castigo de Dostoievsky para uma Nova York sonsa...
Com Melinda e Melinda, que acabei de ver no DVD, não é diferente. Uma mesma história contada como tragédia e comédia, idas e vindas, uma personagem central, dois mundos paralelos, Bela Bártok, Duke Ellington, Stravinsky pontuando os primorosos diálogos. Uma bela e corajosa maneira de fazer cinema. São poucos os diretores da atualidade que conseguem fazer isso bem. Allen é o mestre deles todos.
@@@@@@
Aos que estão irritados comigo porque detonei o show dos Stones em Copa, um presente: o disco Jamming With Edward para baixar (aqui). Quem nunca usou o rapidshare, segue um tutorial. Bom som a todos!
# Jorge Cordeiro @ 22:45
<< Home
|
|