O blog Coleguinhas, Uni-vos! deu cria. Agora temos o Cascata! para nos revelar um pouco das muitas picaretagens que rolam na imprensa. Já coloquei nos meus favoritos aí do lado.
Advogados da empresa que trabalha com Tim O'Reilly, pai do conceito Web 2.0, tentaram impedir a realização de um seminário de tecnologia e negócios na Irlanda, por uso indevido da marca Web 2.0 (ver aqui). Eles alegam que o nome está registrado e por isso ninguém, além da empresa CMP, pode usá-lo. Porra, o cara (O'Reilly) caga uma regra sobre a nova tendência da internet, de compartilhar informação, e vai e toma uma atitude dessa? Tá fudido...
Por exemplo: a história foi parar no blog do proprietário da empresa irlandesa (um pequeno grupo sem fins lucrativos) e a CMP recebeu milhares de cartas de protesto, tendo que recuar. Mas o filme de O'Reilly queimou, não tem jeito, e agora vai ter que aguentar as conseqüências. Além de ser zoado direto na internet, ainda vai ver muita gente com esta camiseta circulando em suas palestras e seminários.
Tudo culpa do sistema draconiano de patentes e direitos autorais que temos em vigor, que está começando a sair de controle. A continuar nesse passo, nada mais entrará para domínio público, como no caso do Mickey Mouse, lembra? Agora estão de olho até no DNA humano!
Mas no pasarán! O pessoal do Electronic Frontier Foundation (EFF), por exemplo, iniciou um projeto interessante contra essas patentes absurdas, que só atravancam o conhecimento humano. Enquanto isso, a internet trata de democratizar um pouco as coisas...
O ministro Gilberto Gil participou hoje da sessão de abertura do oitavo Congresso Global de Internet, realizado em Barcelona, e nela defendeu a cultura livre e a revolução digital que ocorre no mundo. Ele fez ainda questão de deixar clara a diferença que existe entre hackers e crackers - uma distinção que a imprensa ainda resiste em fazer, sabe-se lá por que. Confundir hacker com cracker é como chamar turco de árabe e tomate de legume...
Quer ficar bem informado sobre o que acontece no Brasil e no mundo? Então tenha em mente que, o que sai em jornais, revistas e TV, é apenas uma ínfima parte de um todo bem complexo, que as esquálidas redações em geral não têm como - e por vezes não querem - acompanhar. Veja o caso da Bolívia. Para preencher as muitas lacunas, só com muita navegação pela internet. A grande rede é o grande antídoto que temos contra o discurso único dos jornalões e revistinhas. Já reparou como as notícias em geral são muito parecidas em praticamente todos os veículos de comunicação? Depois fingem de mortos, na moita, para mais tarde separarem o que interessa e cagarem regra, afirmando que anteciparam fatos e tendências. Bullshit. Imprensa está sempre correndo atrás, quando chega, já é, já foi. Com as raras exceções de sempre.
Aproveitando o relançamento dos dois volumes do Tim Maia Racional pela gravadora Trama, o pessoal do Instituto estará neste fim de semana na choperia do Sesc Pompéia fazendo uma releitura daquele que eu considero o melhor trabalho do síndico. Já confirmaram presença Wilson Simoninha, Léo Maia (filho do ômi), Rappin' Hood e Negra Li.
Pra que criar se dá pra copiar? sexta-feira, maio 26, 2006
Primeiro foi o UOL, nome que é uma descarada cópia da AOL americana. Depois veio o Uolkut (agora UolK), tentando pegar carona no sucesso do Orkut. E agora a Folha Online foi remodelada, ficando muito parecida com o Google News. Ah, deve ser coincidência, só isso...
Depois da histeria, vem a razão. E muitos começam a ver que o incensado iPod não é lá essas maravilhas. Se vc está pensando em adquirir um, leia isto antes de cometer a besteira. Minha recomendação: compre um da Creative. São mais baratos, mais versáteis e duráveis. Dê preferência ao que tiver memória flash, e não disco rígido, pra evitar problemas com quedas ou movimentos bruscos.
Em tempo: peguei a dica no velho e bom Ovelha Elétrica. Eles estão mais legais do que nunca, leitura obrigatória!
Pra que esperar se existe internet, né mesmo? Dica do meu camarada Edu! E lá no You Tube tem outros trechos desse show de reestréia do grupo em Londres.
Rolou em março na capital austríaca uma reunião do Conselho Internacional de Controle de Narcóticos (INCB na sigla em inglês, ligado à ONU), em que se discutiu formas de se reduzir a produção de matéria-prima para inúmeras drogas consumidas em todo o planeta. É o tal desenvolvimento alternativo, em que governos incentivam seus agricultores a trocar sua plantação de coca, cannabis ou papoula por batata, arroz ou tomate. Levando-se em conta que o narcotráfico rende anualmente cerca de US$ 350 bilhões ao ano, turbinado não só pelas quase 200 milhões de pessoas que consomem algum tipo de droga ilícita por ano no mundo, mas principalmente pelas draconianas e anacrônicas leis existentes - que encarecem o produto -, é fácil perceber que não vai muito longe essa idéia de desenvolvimento alternativo. Vai apenas jogar mais dinheiro público pelo ralo. Não há como os estados competirem com tamanho poder de fogo dos traficantes. Não tem jeito, pessoal: ou legalizam a droga e investem grana firme em educação (para os que consomem responsavelmente, a maioria) e saúde pública (os porra-locas, que não têm controle, a minoria), ou vão continuar dando tiro n'água.
Nessa mesma reunião, divulgaram uns números bem interessantes. Como os 15 milhões de americanos que compram medicamentos controlados para ficar doidão. No Brasil, o barato é tomar remédio para emagrecer, que contém anfetamina. Essa legião de americanos é bem maior do que aquela q consome cocaína, maconha e alucinógenos nos EUA... Ou seja, enquanto ficam matando e prendendo quem fuma um baseado ou cheira uma carreira, milhões tomam bolinhas legais para obter efeitos semelhantes. Será que não percebem que é melhor informar e controlar, como fazem com álcool e cigarro, do que proibir e prender?
Andei xeretando o tal site meter que instalei tempos atrás aqui n'O Escriba e descobri que tenho um leitor diário na Tailândia!! E aí, meu camarada, não quer se apresentar?
Parece que o primeiro show do resto da vida deles foi um sucesso. Apesar de ter minhas reservas a ectoplasmas do roquenrol, os saúdo e desejo sucesso! E que venham logo pro Brasil pra gente conferir... Aliás, não entendi essa de fazer o primeiro show na Inglaterra, mas enfim...
Vc gosta de cinema? Quadrinhos? Robert Crumb? Jazz? Blues? Então não deixe de ver O Anti-Herói Americano (American Splendor, 2003), vencedor dos prêmios do júri em Sundance e Cannes. Conta a história do roteirista de quadrinhos Harvey Pekar, que fez sucesso expondo seu dia-a-dia nas páginas da revista American Splendor, que foi ilustrada, entre outros, por Robert Crumb. As imagens de arquivo das entrevistas de Pekar no programa de David Letterman (de quem Jô Soares é clone) e a trilha sonora (que tem preciosidades como a versão que o grupo Chocolate Genius fez de Ain't That Peculiar, de Marvin Gaye) já valem, mas tem muito mais. Jay McShann, por exemplo.
Aos poucos vai se revelando o abuso que foi a ação policial em São Paulo depois dos ataques do PCC à polícia. O MP quer explicações e colocou em xeque o governo estadual paulista (há 12 anos sob comando do PSDB) e sua política de segurança pública, que deixou a situação chegar ao que estamos vivendo (lembrando que o PCC foi criado após o massacre do Carandiru, em 1992).
Vc consegue confiar numa polícia que perde a cabeça quando está sob pressão? Eu não. Sempre dá merda. Vide o que rolou em Londres com aquele brasileiro assassinado no metrô. Enfim, esse papo gerou até um debate interessante meu com um PM lá no Orkut, estamos conversando civilizadamente, apesar de um início turbulento por conta de alguns comentários meus em comunidades que defendem o simples extermínio de bandidos, com a volta de esquadrões da morte (como a Scuderie Le Coq) e da ditadura dos militares. Expliquei pro tenente a minha posição de defesa da legalização das drogas (como o fazem os policiais escoceses, ver aqui) e reforma do sistema prisional (ver aqui) como formas alternativas de se combater a criminalidade, que podem render bons frutos num futuro próximo. Mas admito - e ele também - que estamos longe de chegar a uma solução, até porque tem muita gente, como os homens e mulheres de bens que saíram às ruas das capitais neste domingo para protestar contra a violência e corrupção, que não perde a oportunidade de pedir mais e mais mortes - desde que nos becos e vielas do outro lado da cidade. Elite de merda.
A árvore genealógica da música sempre me surpreende com bons frutos. Quando não sou eu quem vasculho por seus galhos, é ela que os deixa cair direto no meu colo. Foi o que aconteceu esta semana, quando preciosidades como Sir Lord Baltimore e Frigid Pink me foram apresentados por um camarada lá do escritório de comunicação onde estou frilando no momento.
Esse é o barato de ser um expedicionário da música (créditos para Bob Dylan, que me parece ter sido o primeiro a cunhar a expressão, no documentário No Direction Home, de Martin Scorsese). Poucas coisas me satisfazem mais do que escutar novos sons, mesmo com décadas de atraso. É até um ato de rebeldia meu, não dar muita atenção à produção musical moderna, não quero compactuar com a qualidade raquítica do que a indústria fonográfica desova dia após dia no mercado, nos empurrando goela abaixo merdas com gosto tutti-frutti. Como bem analisaram Alice Cooper e Lemmy Kilmester (do Motörhead) em entrevista que foi ao ar (o arquivo ainda não foi disponibilizado, mas vai ser, aguarde) dias atrás na rádio Virgin (que rola cá neste blog), it's all about who's next, not who's best anymore... (deixei em inglês porque fica melhor, é algo como: tudo se resume a qual é a próxima novidade, não o que há de qualidade por aí... enfim, não falei que em inglês ficava melhor?)
Os primeiros acordes de Kingdom Come, do disco homônimo do Sirlordão, me pegaram de jeito. Tava no carro, descendo a Rebouças, na sexta à noite, voltando pra casa. Caraca, quiéisso? Peso, distorção e técnica na medida certa. Só não aumentei mais o volume porque as caixas de som do banheirão estão uma bosta, preciso dar um jeito nisso urgentemente. Power trio de primeira, sem dever nada a Cream e Blue Cheer. Meu oráculo (o Google, claro) me revela um artigo de 1971 da revista Creem em que o jornalista compara o som também a Led Zeppelin do segundo álbum (aquele de Whole Lotta Love, The Lemon Song e Ramble On), MC5 e Johnny Winter (pelos vocais). Porra, precisa mais?
Frigid Pink é de Detroit. Pronto, não tenho que falar mais nada. De lá saíram The Stooges e The Dirtbombs, já é credencial suficiente pra eu dar atenção ao som. E a estatística continua altamente favorável a Detroit Rock City, porque o Frigid Pink é ducaralho. É mais sujo e menos viajandão que o Sir Lord (que é do Brooklin, Nova York), mas com balanço e belas guitarras. Tem até balada com corinho e tudo! E nesse disco de estréia (final da década de 1960), os caras fizeram uma das versões mais legais que já escutei para House of The Rising Sun.
As duas bandas têm em comum que não duraram muito tempo e seus integrantes se dispersaram por aí. Mas taí a Internet que não nos deixa perder esse som maneiro. Já passei tudo para MP3, agora é só ir ao P2P mais próximo!
Aproveitando o assunto música, vou reproduzir aqui algumas dicas passadas por amigos e leitores d'O Escriba. Primeiro a inacreditável Bad Music Radio, com uma seleção inacreditável de sons bizarros - sem falar na coleção das piores capas de discos já feitas na história (dá uma sacada nessa aí...). Na rádio, sugiro uma audição mais atenciosa à versão de Rocket Man (sucesso de Elton John) por ninguém menos que William Shatner, o capitão Kirk de Jornada nas Estrelas. Olha, vou confessar, achei deveras interessante a mistura, Kirk é o próprio homem-foguete, porra! (dica do Carlos Henrique, valeu!
Outra veio do meu camarada Albert: é a trilha sonora dos que aplaudiram a ação violenta e tresloucada da polícia paulista nos últimos dias. Com canja de Zé Rodrix nos teclados e tudo!
SP vai continuar a mesma sexta-feira, maio 19, 2006
Há quem diga que SP mudou para sempre. Bobagem. Passando esses dias de tensão natural pós-ataques, tudo voltará ao normal: a elite continuará sonsa e cínica, exigindo providências e mortes; o governo continuará dizendo que tá tudo sob controle; a polícia continuará truculenta e assassina; a imprensa continuará turbinando o medo para vender manchetes ocas; e a galera da periferia, eterna suspeita, continuará apanhando e morrendo nas mãos dos meganhas.
Por falar em periferia, imperdível a entrevista do escritor Ferrez no site da Agência Carta Maior. O apelo que ele fez em seu blog reverberou e chegou à capa do UOL (não está mais lá, infelizmente). Show.
Mas a pergunta que não quer calar é: onde estão Serra e Alckmin?? Se alguém os achar, avisa que o Lembo mandou lembranças...
Olha, podem falar o que for do Claudio Lembo, atual governador de São Paulo - eu mesmo acho que ele está equivocado ao dizer que a polícia paulista agiu corretamente na matança dos últimos dias - mas o cara tem coragem pra dizer o que anda dizendo.
Segue um trecho da entrevista a Bob Fernandes, do Terra Magazine:
Desde ali o senhor apanhou por quatro, cinco dias, poderosamente. Qual foi o instante em que decidiu: "bem, vamos abrir a tampa, mostrar o que tem dentro"? E por quê?
Vou te explicar por quê. Eu fiquei muito constrangido com os maus conselhos que recebi. Muitos desses que eu cataloguei, rotulei, e isso não é bom, mas fiz, diziam: "Você tem que aplicar a lei de talião, ser duro, olho por olho dente por dente". Isso seria uma violência, uma estupidez. E os direitos humanos e a integridade das pessoas, o desastre humano que nós estávamos sofrendo? Eram irmãos brasileiros que estavam se conflitando loucamente, contra aqueles que querem disciplinar a sociedade... eu não podia ter uma palavra de loucura, seria uma estupidez.
De que lado vieram esses conselhos, de que espectros? Políticos...
De todos os segmentos que querem liderar a sociedade de forma mais dura, áspera. Compreendo que eles façam isso. Mas eu, com a minha história, ia fazer isso? Jamais. E aí eu desabafei...
Agora cedo li que o IML quer autorização pra enterrar todos os corpos que estão lá, por falta de espaço. Vão jogar o problema pra debaixo do tapete, ou melhor, pra debaixo da terra...
Enquanto isso, a periferia pede ajuda contra o clima de terror que a polícia está criando por lá...
Enquanto prêmios multishows da vida louvam o que há de mais medíocre e conservador na música (Marjorie Estiano é a cantora revelação do ano!! hahahahahahhahaqwsadhlkjasdsad gasp cof cof hahhaha), lá fora o pessoal discute o futuro. O evento acontece na sempre festiva Montreal, no Canadá. Pesquei essa no blog The Digital Music.
Lost in the wheels of confusion Running through furnace of tears Eyes full of angered illusion Hiding in everyday fears (Wheels of Confusion, Black Sabbath)
A polícia de São paulo até agora não revelou o nome das 71 pessoas que morreram supostamente por envolvimento com os ataques promovidos no fim de semana. Os cadáveres foram retirados dos locais sem a perícia exigida pela lei, certamente sob a alegação de que as vítimas ainda viviam e poderiam sobreviver - mesmo que atingidas na cabeça, como foi o caso de diversas delas. A matança deve prosseguir por mais alguns dias sem que ninguém questione, sedenta de sangue e vingança que está boa parte da sociedade paulista. Quantos inocentes estão nessa lista de 71? Quantos PMs envolvidos com o crime estão nos 43? Será que investigarão isso ou ficará elas por elas? Que sociedade é essa, que imprensa é essa que comemora esse morticínio?
Em vez de admitirem que a situação está ficando fora de controle e que é o momento de discutir mudanças no sistema prisional (com mais penas alternativas), nas leis anti-drogas (menos polícia e mortes, mais informação e saúde pública) e na militarização das polícias, as autoridades, arrogantes como são, vão responder com mais força, mais violência, girando com vontade a roda da confusão. E a população, cega pela histeria, vai aplaudir e pedir mais...
A letra de um som dos Inocentes, de exatos 20 anos atrás (é de 1986), previu com acuracidade os atuais acontecimentos:
As sirenes tocaram As rádios avisaram Que era pra correr As pessoas assustadas mal informadas Puseram a fugir... sem saber porque
Pânico em SP, pânico em SP, pânico em SP
O jornal, a rádio, a televisão Todos os meios de comunicação Neles estavam estampados O rosto de medo da população
Pânico em SP, pânico em SP, pânico em SP
Chamaram os bombeiros Chamaram o exército Chamaram a Polícia Militar Todos armados Até os dentes Todos prontos para atirar havia o que
Pânico em SP, pânico em SP, pânico em SP
Mas o que eles não sabiam Aliás o que ninguém sabia Era o que estava acontecendo Ou que realmente acontecia
O pessoal lá do escritório de comunicação foi liberado hoje por volta das 4 da tarde, tensão total, lojas da Teodoro Sampaio e da Pedroso de Morais estavam fechando as portas, havia a informação de que um PM havia sido assassinado ali próximo (não confirmei isso), todos com medo do que poderia acontecer quando a noite chegasse. É, estou há sete anos em SP e nunca vi algo parecido - um toque de recolher informal, as pessoas foram espontaneamente se dando conta do risco que corriam ficando na rua e rumaram para suas casas. Nem no Rio vi coisa do tipo. "É que até os bandidos paulistas são mais organizados do que os cariocas", me falou um paulistano da gema... pois é, mesmo não sendo o melhor momento para comparações idiotas, o que ele falou pode até fazer sentido.
Nesse momento de extrema confusão, com informações desencontradas e ânimos exaltados, não é difícil prever o que vai acontecer nos próximos dias. O sentimento de vingança por parte da polícia paulista está aguçado e ela já começou a agir como sabe: matando. Investigação, se há, fica em segundo plano, o negócio agora é aplacar a sede por sangue da sociedade. Não evoluímos muito desde o código de Hamurabi (aquele do olho por olho, dente por dente) e essa bomba relógio da superlotação dos presídios e do sistema falido de punição que temos hoje continuará ativa depois que a poeira baixar. Alguns cadáveres jogarão o problema para debaixo do tapete social até que exploda novamente. E assim sucessivamente.
É sintomático que ninguém, no meio dessa balbúrdia toda, toque nos Xs da questão, que são a política equivocada anti-drogas, a excessiva militarização da polícia e a falência do modelo prisional vigente. Pelo contrário, enfrentarão o problema usando mais força. Mais sangue. Mais mortes. Mais vingança. Mais problemas.
A proibição das drogas só beneficia o crime e coloca a juventude em risco, a militarização da polícia a afasta da população por sua inerente hierarquia autoritária e encher prisões não recupera ninguém e não reduz o crime.
Enquanto não discutirem a valer a descriminalização das drogas num primeiro momento - e sua legalização mais a frente -, o fim das polícias militares e a intensificação da instituição de penas alternativas para crimes menores, o que vimos esta semana em São Paulo será cada vez mais comum.
Nunca o lema que dá nome a uma das comunidades mais badaladas do Orkut foi tão certeiro: Leu na Veja, azar o seu! A edição desta semana do panfleto marrom está recheada de baboseiras, mentiras, distorções e acusações sem fundamento. Tem a matéria irresponsável sobre uma suposta conta no exerior do Lula e de outros integrantes do governo (baseada apenas no que disse o escroque Daniel Dantas, que por sua vez negou, vai dar uma merda danada, a PF vai pra cima do panfleto agora), uma outra que detona o software livre (mas como eles são escrotos, mas não bobos, mantêm o site rodando em programa livre, claro - ver aqui) e traz mais baboseiras sobre a Bolívia (com texto cada vez menos informativo e mais desrespeitoso).
Parece que o jeito Diogo Mainardi de fazer jornalismo caiu no gosto da direção do panfleto - uma acusação vira prova e deve ser divulgada aos quatro ventos. Que tal espalhar por aí, por esse mundão virtual, que o Márcio Aith (esse aí da foto) é pedófilo, que há fotos dele com garotas de 12 anos em poses pra lá de sensuais circulando pela internet? Ele que se vire pra provar o contrário...
Não me admiraria se, um dia qualquer desses, alguém jogasse um balde de tinta marrom num sujeito desses...
(em tempo: fui informado que o autor da matéria (sic) no panfleto Veja é o Mario Sabino, redator-chefe. Ou seja, o cara escreve mas não tem coragem de assinar. E o Márcio Aith é o otário que aceita assinar embaixo a irresponsabilidade do chefe - se vier processo da PF, e virá, é o dele que tá na reta. Ou seja, os dois merecem galões de tinta marrom!)
Quem estiver interessado em ler algo que valha à pena sobre o caso Bolívia, por favor, dispense jornalões e revistinhas, 90% deles de rabo preso com o pensamento único do neoliberalismo tosco que tenta maximizar lucros das empresas em detrimento do rendimento dos indivíduos e garimpe à internet em busca de informações. Recomendo a revista online NovaE e a agência Carta Maior - ambos com vários bons e esclarecedores artigos sobre o assunto -, além do filme The Corporation (para entender como funciona essa máquina corporativa, que inclui claro a imprensa), que pode ser comprado neste site.
As ações desses caras me lembram muito o filme Edukators. Santo Guevara é o nome desse maluco aí do lado, um guerrilheiro pink! Eles se divertiriam bastante na Daslu, né não?
Queria saber mais sobre o grupo, mas o site deles é em alemão, não entendo patavinas. Alguém se habilita a traduzir?
Enquanto isso, no México, o subcomandante Marcos deu uma longa entrevista à TV em que comentou o processo eleitoral por lá. O vídeo com a íntegra do papo está na página dele na internet (que por sinal é muito boa).
É sempre importante, quando há possibilidade, ver e ouvir e ler na íntegra essas entrevistas porque depender da tradução que jornalões e revistinhas fazem é foda. Vide como tratam a questão da Bolívia. Vi a entrevista que Evo Morales deu lá na Áustria sobre a nacionalização dos hidrocarbonetos de seu país e seu relacionamento com o Brasil, e distorceram quase tudo o que ele falou. Novidade...
Também tentam distorcer a cultura blogueira. Montaram um debate sobre blogs esta semana no Rio, sob o tema Uma Revolução na Imprensa. Na mesa, em vez de blogueiros de primeira, só jornalistas que têm colunas eletrônicas hospedadas em sites de grandes veículos de comunicação e que por oportunismo chamam de blogs (e isso faz uma puta diferença, porque eles mantêm a mesma cultura tradicional do jornalismo e também a linha editorial de seus patrões). Obviamente falaram do assunto pelo viés das grandes corporações de mídia a que estão ligados - Noblat/Estadão, Pedro Dória/Estadão/NoMínimo (mas esse eu respeito, é o único realmente a pensar a coisa como manda o figurino), Cora Ronái/Globo, Juca Kfouri/Globo/Folha e o publicitário Antonio Tabet, do Kibeloco, notório chupador de idéias de outros blogs, como o Cocadaboa e Consultório do Humor (que prometeu levar a Tabet de presente uma impressora/copiadora numa festa de blogueiros que vai rolar no Rio).
Seria a mesma coisa armar um debate sobre software livre e só convidar para a mesa o presidente da Microsoft e da Adobe, ou debater o jabá das rádios apenas com donos de gravadoras ou ainda discutir a guinada à esquerda da América do Sul convidando apenas cientistas políticos de direita.
O navegador Firefox continua avançando no terreno do Internet Explorer, chegando a quase 12% do mercado. Eu tenho feito minha parte: esta semana, na assessoria de comunicação em que estou frilando, instalei em dois computadores. E se me derem a chance, instalo em todos.
A Microsoft já dá mostras de que sentiu o golpe e lançou a sétima versão de seu navegador, ainda no esquema beta, que não por acaso está a cara do raposa de fogo e com as mesmas funções, como a navegação por abas, por exemplo. Mas pra variar, o novo produto da MS tem uma série de problemas. Tô foraça! Ainda mais sabendo que o pessoal da Fundação Mozilla está nos finalmentes da versão 2.0 que provavelmente deixará o novo IE no chinelo.
Um dos tópicos publicados hoje, quarta-feira, às 14h22, na página do Noblat na internet:
Que cada um cumpra com seu dever
Cadê aquele velhinho que meteu a bengala na cabeça do então deputado José Dirceu (PT-SP)? Chamem ele depressa antes que Sílvio "Land Rover" Pereira acabe de depor na CPI dos Bingos.
Orientem o velhinho para se postar à saída da sala onde funciona a CPI. E que tão logo que veja Silvinho saindo...
Bem, ele sabe o que fazer.
Que Noblat perca as estribeiras porque o pessoal da CPI não conseguiu fazer a marola virar tsunami, tudo bem, mas daí a incentivar a violência é um pouco demais, né não?
Fazia tempo que não ia ao cinema. Como bem lembrou a Ana, desde Sobre Café e Cigarros, do Jim Jarmush. Pois nesta terça, rumamos ao Market Place aqui perto pra ver o que poderíamos fazer pra atualizar nossa precária cultura cinematográfica. Entre o pastiche de Alan Moore e o frenesi cientológico de Tom Cruise, ficamos com Caché, produção franco-austro-ítalo-alemão do diretor austríaco Michael Haneke, vencedora de alguns prêmios em Cannes (entre eles de um enigmático júri ecumênico, o q seria isso?). Na mosca! Como é bom ver cinema europeu. Nos dá uma boa desintoxicada do lixo hollywoodiano e televisivo que ruminamos dia-a-dia. Nada de corte abruptos, câmera frenética, música invasiva, atuações canastronas e roteiros mequetrefes que debocham da gente e embotam qualquer raciosímio mais elevado. Cada posicionamento ousado de câmera ou tenso diálogo entre Juliete Binoche e Daniel Auteuil, é um gozo de puro cinema, do qual eu, Ana e mais seis espectadores nos fartamos a valer.
Haneke faz uma ácida crítica à sociedade ocidental (não só européia, como muitos disseram por aí), conformista, egotrípica e ísta, narcisista a ponto de responder com violência extrema, sem um mínimo de reflexão, tudo que possa ameaçar nosso confortável status quo vazio e hipócrita. Nosso passado nos condena à ordem que engaiola o caos criador. Quem disse que a história acabou? O choque de civilizações continua lépido e fagueiro, sempre a nos esfregar na cara toda a intolerância que alimentamos nos jornais, TV, comentários inocentes e atitudes diárias. Estamos num beco sem saída, paranóicos, esperando apenas um sinal para expor toda nossa vileza em todo seu esplendor.
Fiquei alguns minutos estático, preso à cena final do filme que me remeteu diretamente ao choro do Martim quando saímos para o cinema. "Eu vou também, combinado? combinado? não vai pai, deixa eu ir também, eu vou..." implorava ele na porta de casa, seguro pela babá. A cena foi um espelho do que Haneke nos ofereceu horas depois, como réquiem de uma sociedade que joga seus problemas para debaixo do tapete enquanto o mundo não explode.
Tyger! Tyger! burning bright In the forests of the night, What immortal hand or eye Dare frame thy fearful symmetry?
Recebi do meu camarada Passamani uma animação maneira da produtora paulista Trattoria, inspirada no poema de William Blake. A mescla dos desenhos com a cidade de São Paulo é genial! A animação foi feita para o 10o. Festival Cultura Inglesa, que começa amanhã. O filme estréia no dia 6 de junho na Sala Cultura Inglesa do Centro Brasileiro Britânico (rua Ferreira de Araújo, 741 - Pinheiros).
Lembram dela? Aguerrida combatente da corrupção, atuante nas CPIs e tal, e que recentemente foi flagrada em toda sua inteireza ao dizer que deficiente físico é nojento e causa repulsa nas pessoas. Pois é, mama com gosto! Ê beleza!
E para não perder a viagem, recomendo ainda a entrevista que o jurista Dalmo Dallari deu à Lillian Witte Fibe explicando tim tim por tim tim porque um pedido de impeachment do Lula é totalmente incoerente e infundado. Além disso, deixa claro que a entrevista do Silvio Pereira nada tem de escândalo, é mais uma marola apenas.
A pergunta que não quer calar: o Silvio Pereira é mentiroso quando fala que ninguém do PT embolsou dinheiro em proveito próprio e que o partido é bucha de canhão nessa história toda de caixa 2? Ou fala a verdade apenas naquilo que pode comprometer o PT e o presidente? Aposto 10 contra 1 que apenas as partes que podem talvez causar problemas a Lula é que serão pinçadas aqui e ali para dar mais gás nessa 'crise' artificial... Não funcionou na história da Bolívia, mas sempre é bom ter um ou outro escândalo pro pessoal se esbaldar, né mesmo? E o jornalismo 'pout-pourri' segue firme!!
O foda é que o que realmente interessa nessa entrevista do Silvio vai passar batido, que é a informação de que 100 Marcos Valérios agem na capital da República até hoje, e não estamos falando apenas de PT. O esquemão é antigo e sobrevive às sombras com uma intrincada engrenagem. Quebraram uma grande peça, mas nada que interrompa o seu funcionamento. Mas alguém aí acha realmente que esse pessoal que já começou novamente a espernear está interessado em alguma investigação que preste? Gente como Denise Frossard, José Agripino Maia, José Carlos Aleluia, ACMzinho, Tasso Jereissati, Arthur Virgilio, Efraim, Eduardo Paes, e por aí vai...
As fotos dessa mulher, Maria da Graça, estão circulando faz tempo na internet e agora um maluco resolveu criar uma página pra ela. Simplesmente sensacional, essa gaúcha é linda sem tirar nem pôr...
Impedido pela patroa de ver uma das muitas partidas de futebol que passavam pela TV na noite desta quarta-feira, fiquei zapeando pra achar algo que agradasse o gosto feminino e paramos no canal Futura. Tava começando o programa Passagem Para..., do Luís Nachbin, sobre a Mongólia, ou melhor, sobre Genghis Khan.
Na boa, o Nachbin (que filma, edita, escreve, dirige etc) tem o mérito de viajar pra cacete e tal, conseguir boas imagens, mas como é ruim o seu programa, tosco toda vida. Texto chinfrim, muito tatibitati. A certa altura, ele manda: "O que Pelé é pro Brasil, Genghis Khan é pra Mongólia..."
Alice Cooper é republicano e apóia Bush Jr. Ok, ninguém é perfeito. Mas o cara tem um senso de humor nota 10. Estou em casa terminando um frila e curtindo a rádio aqui do blog. Ele está no ar (pensei que fosse só às segundas-feiras, mas parece q não...) e acabou de ler um email de um ouvinte que propôs a ele que fizesse um show num submarino nuclear a, sei lá, 20 mil léguas submarinas! "Não seria sensacional? Provavelmente você faria o primeiro concerto de rock do fundo do mar da história, Alice!!!", leu Cooper, dando uma entonação empolgada ao texto, de rolar de rir. Ao final, disse: "Foi seu primeiro baseado, huh, Eric? Pode falar... Prepare-se, porque vc vai sentir uma larica danada, vai acabar com os biscoitos da casa... Como eu sei? Bom, estou por aí faz um tempo, sabe? (Alice Cooper tem 58 anos). E reconheço facilmente alguém que tenha usado maconha, mesmo apenas lendo um email. E este aqui seu tem toda pinta de ter sido escrito por alguém que acabou de terminar um baseado..."
O figura está todas as tardes de segunda-feira, das 14 às 18 horas, na rádio Virgin Classic Rock, que você pode conferir aqui n'O Escriba. Cooper é um cara divertido e em seu programa de quatro horas toca uns sons bem legais (de Police e Cream a AC-DC e Frank Zappa), comenta notícias do dia e ainda aceita pedidos dos ouvintes internautas. Aliás, os outros DJs da radio também dão vez aos ouvintes (confira aqui).
A turminha do Bush Jr. deve estar queimando a mufa pra resolver um intrincado quebra-cabeça geopolítico e econômico. Afinal, quanto mais insistem nessa política beligerante, ameaçando guerra contra o Irã por conta do direito legítimo dos muçulmanos persas de desenvolverem sua tecnologia nuclear - por mais que eu não seja fã dessa tecnologia -, mais empurram o preço do barril do petróleo para as alturas. E assim, favorecem basicamente dois dos principais inimigos dos EUA: Venezuela e Irã, que têm suas economias baseadas justamente no petróleo. Sem falar na irritação extrema que provocam nos consumidores nativos, tradicionais 'beberrões' de gasosa.
Mas nada como uma guerra e seu espetáculo bélico-tecnológico pra distrair a imprensa - que bate tambores há tempos, sente falta de mais um conflito em larga escala pra se divertir - e a opinião pública em geral. A questão é: será que os EUA aguentam mais uma guerra neste momento? Irã não é um Afeganistão ou Iraque, e por isso os americanos decidiram que não invadirão o país, apenas bombardearão. Fácil, não? O problema é o revide.
Muitos, como meu sogro, defendem o ataque americano afirmando que isso impediria o Irã de ter armas nucleares e que a história ensina a agir antes que seja tarde, dando como exemplo o caso de Hitler. Ora, é um absurdo tal comparação, já que o Irã não invadiu país algum - pelo contrário, foi invadido na década de 1980 pelo Iraque então apoiado pelos EUA -, e já disse que abre suas instalações nucleares para a Agência de Energia Atômica para mostrar que sua tecnologia nuclear servirá apenas para a geração de energia, não de armas. O Irã tem a segunda maior reserva de petróleo do planeta (atrás apenas da Arábia Saudita) e usa quase a metade dela para tocar o país. Com a energia nuclear de diversas usinas, os iranianos poderiam depender menos do petróleo e exportar ainda mais, ganhando um bom din-din graças à alta do preço provocada pela carranca americana. Os caras têm o direito de se desenvolver, de crescer e de se tornar uma potência mundial, ora bolas, por que não? Ah, são fundamentalistas religiosos diz meu sogro. Ora, e os neocons que estão na Casa Branca são o que? Engraçado como nós ocidentais somos, né não? Se um país do lado de lá começa a aparecer demais, é tido como risco para nós - foi assim com a China, a Rússia, agora o Irã.
O Irã, assim como o Brasil, está procurando desenvolver sua própria tecnologia de produção de combustível nuclear para não depender de outros países na hora de alimentar suas usinas nucleares e para fazer frente a um futuro em que os combustíveis fósseis serão cada vez mais raros. Infelizmente, se as energias renováveis (biomassa, eólica e solar) não provarem na prática que podem gerar grandes quantidades de energia a preços mais baixos que a nuclear (tem alguma entidade ambientalista por lá fazendo esse trabalho de convencimento, por exemplo? Duvido...), vamos ter q conviver com uma nova era de usinas atômicas. O Irã tomou um passo decisivo nessa direção. Outros o seguirão. Com ou sem guerra.